16/02/2016

Nuno Melo no Clube dos Pensadores fez tiro ao alvo ao PS



O Deputado Europeu Nuno Melo do CDS, foi o convidado de Joaquim Jorge para mais um debate sobre política no Clube dos Pensadores, depois de uma série de debates com candidatos às últimas presidenciais. Nuno Melo ( NM) foi claro e franco ao dizer que estava ali para fazer um balanço sobre a governação do PS, que considera ilegítima, porque governa sozinho sendo minoria. Não teria a mesma opinião se estivessem no governo PCP e BE, porque seriam maioria com maioria no Parlamento.
É de opinião que o Orçamento é uma manta de retalhos e um grande equívoco. Quem manda não é o PS, mas o PCP e até o BE, mas sobretudo o PCP, levando às contradições que se observam e que só António Costa e o Ministro das Finanças, Mário Centeno, não vislumbram. Nesse aspeto este escriba também mantém reservas à eficácia do Orçamento cozinhado a 3 mãos com alguns cozinheiros que nunca estiveram numa cozinha. Pode sair esturro.
Nuno Melo é de opinião que António Costa sacrificou o país por interesses pessoais, porque perdeu objetivamente as eleições e ou era governo ou perdia o partido e preferiu os seus interesses pessoais, porque ele foi o pivot da saída de António José Seguro, que ganhou uma eleição europeia e Costa disse que ganhou por poucochinho, mas ganhou, enquanto ele não ganhou e mudou o paradigma de governação que é deixar governar quem ganha as eleições, mesmo em maioria relativa.
Joaquim Jorge questionou Nuno Melo sobre vários assuntos, como o caso da eutanásia, das subvenções vitalícias, subsídios de reintegração de políticos, porque não se candidatou à liderança do seu partido, porque não respondeu a António Costa quando este lhe chamou “queque” mal educado, etc. E da plateia também foram feitas perguntas, como as 35 horas para o público e 40 horas para os privados. 
Nuno Melo foi respondendo, sempre com muita convicção e até com muito gozo, dizendo que estava a aquecer, mas que ele respondia a tudo e que a plateia entendesse que algumas das suas posições não seriam do agrado dos socialistas, mas não podia ser meigo nas atuais circunstâncias.
Condenou o TC por ter emitido uma decisão em pleno período eleitoral sobre a subvenção vitalícia aos políticos que apanhou de frente Maria de Belém. Por princípio NM é contra subvenções a políticos, mas é favorável ao estado de direito. Se há uma lei ou se cumpre ou se altera. O que não pode acontecer é continuar a lei e não se cumprir, porque é mau sinal. Condenou por isso o TC, que condicionou (condenou, como se viu) a candidata Maria de Belém.
Sobre a eutanásia, JJ, diz que as pessoas devem poder decidir se querem ou não continuar a viver quando não têm qualquer perspetiva de qualidade de vida. Nuno Melo disse ser conservador e que respeitando a diferença, entende que o Estado tem de ser capaz de atender com dignidade os pacientes que necessitem de cuidados paliativos, coisa que hoje não existe.
Sobre as 35 horas, Nuno Melo disse que não concorda porque o que o Governo fez foi dar com uma mão e tirar com a outra e não concorda que se passe para 35 horas, mas se for necessário mais horas os funcionários terão de trabalhar mas sem aumentar a despesa, e isso só se trabalharem sem salários, o que é contra. Nuno Melo disse que o Estado Português ainda não está financeiramente em condições de dar tudo o que o PS deu de uma só vez: redução das horas, feriados, menos impostos sobre o trabalho e sobretaxas. Mas por outro, impõe impostos sobre combustíveis, automóveis, etc, atingindo todos. JJ ainda lhe disse que o que os portugueses valorizam é o facto de terem mais dinheiro e por isso é que o PSD/CDS perdeu as eleições, dado o povo estar farto de austeridade. Mas NM disse que o sinal é preocupante e a consequência é o aumento das taxas de juro sobre a dívida portuguesa e chamou a atenção que Portugal se financia junto do BCE, que adquire dívida portuguesa, porque a agência financeira canadiana ainda considera a dívida portuguesa acima de lixo, mas fez um aviso sobre a credibilidade do Orçamento.
Outro aspeto que foi criticado foi o da reversão dos contratos de transportes, a começar pela TAP e a continuar com os transportes coletivos de Lisboa e Porto. Todos têm sido sorvedouros do erário público pago com os nossos impostos. Por outro lado, os contratos são assinados por um governo e são-no em nome do Estado e não de partidos e devem ser honrados, custe o que custar, pois é a credibilidade do país que está em causa. Este escriba também tem esta opinião, mesmo achando que o que o governo de PPC fez não ser muito edificante assinar nas vésperas de eleições, mas fê-lo e era ainda governo legítimo juridicamente. Pois, Nuno Melo acha que são decisões que só servem para onerar os Portugueses e para colocar boys nas administrações dessas empresas, mas que os custos virão depois.
Mário Russo
NM não se candidatou por opção pessoal, ponderando o que seria melhor para si, família e o partido e considera que Assunção Cristas está bem e recomenda-se e ele não será desestabilizador no partido, pelo contrário, será um elo de união, coisa que já não acontecia há muito no seu Partido.
Nuno Melo zurziu no PS e fez jus ao seu gosto pela caça. Desta vez, fez tiro ao alvo e acertou em cheio no PS e com chumbo grosso, ou como disse Joaquim Jorge “tu desbarataste o António Costa, que está aqui todo partido”. De facto, Nuno Melo não poupou munição.
Um debate que aqueceu e com sala mais que cheia, poderia ir para além da meia-noite. Um bom debate, meu caro Joaquim Jorge. Parabéns pela moderação e pelo convidado que trouxeste ao CdP.