28/02/2016

JUVENTUDES PARTIDÁRIAS :CAMINHO ÚNICO PARA A PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS JOVENS NA POLÍTICA?






Daniel Braga 
Esta opinião e este desejo de escrever sobre as juventudes partidárias em Portugal têm muito a haver com as opiniões que vou ouvindo e sentindo entre os jovens sobre a desilusão que lhes trespassa a alma no que se refere ao comportamento e posicionamento das mesmas relativamente aos problemas e desígnios do País. Gostariam de fazer mais e melhor, mas sentem. Se espartilhados e manietados pela posição do Partido. É uma opinião perfeitamente pessoal de alguém que está por fora e que apenas observa e está atento a alguns comportamentos manifestados por essas juventudes no leque partidário das discussões políticas e nas atitudes e vontades perante os problemas que o País atravessa e tem de resolver. Ponto prévio, sem discussão possível: as juventudes partidárias são necessárias e fundamentais (embora não únicas estas formas de estar na política...) para que os jovens se interessem pela política e se consciencializem para os reais problemas que o País enfrenta, procurando através das suas formas de agir, modos de poder ajudar e contribuir para a reflexão necessária. O contributo dos jovens é decisiva e integrada nas juventudes da sua ideologia partidária, fundamental para a partilha de ideias e sugestões de resolução através dos Partidos onde se integram. Não é o caminho único, mas é um caminho possível. A diferença é que se calhar no alvorecer dos ventos da democracia em Portugal, a intervenção política dos jovens, até pela novidade, era bem mais entusiasmante e de ideais bem mais puros e credíveis. Lutava-se através das suas convicções ideológicas por ideais de liberdade, de opiniões diversas, mas construtivas num ideário da consolidação dos valores surgidos como os novos tempos da liberdade e da democracia. Eram tempos de luta partidária intensos, mas simultaneamente de partilha e discussão de ideias que, mesmo na diferença, eram vistas com olhares de grande cumplicidade no sentido da entreajuda mútua para consolidar e fazer avançar esse tempo novo. Hoje os tempos são outros, a desilusão apoderou-se da população e essencialmente dos jovens que se afastaram da política e dos Partidos. Trespassa a ideia que a política não é para os jovens e apenas para os trapaceiros e os que querem arranjar uma alavanca para subir na vida. E esta ideia tem afastado os jovens da política e dos Partidos: o medo de serem etiquetados com chavões de desonestidade, de vigarice e quererem arranjar um trampolim para terem sucesso. E é pena que assim seja, pois algum comportamento de gente dessas juventudes assim leva a pensar. Acima de tudo, acho que as juventudes partidárias atualmente são de um seguidismo pouco conveniente dos seus Partidos e não têm sequer forma de poder agir autonomamente sobre os mais variados assuntos. Parecem uns "yes man ou woman" a tudo o que Partido diz, sem pensamento nem raio de ação próprios de quem legitimamente gostará de dar a sua opinião de modo próprio e não porque o Partido quer assim. E existem temas tão fraturantes hoje em dia (eutanásia, adoção por casais de igual género, violência doméstica, praxes académicas, etc) que deveria colocar as juventudes partidárias a manifestar-se e a refletir mesmo que tal colida com as opiniões ou interesses do Partido, mesmo que isso coloque em causa a "lealdade" e a disciplina partidária. E fora dos Partidos também existe um sem número de espaços e fóruns de opinião onde se poderão manifestar e contribuir para uma participação ativa e cívica mais consentânea com o papel que todos deveremos ter perante a sociedade. Não aparecer e fazer de conta é que me parece um erro, na forma inquinada e algo displicente de como exercemos esse direito de ter um papel bem mais ativo e construtivo.