Mário Russo |
Os dez candidatos ao próximo
pleito eleitoral desdobram-se em ações de rua pelo país fora na tentativa de
serem conhecidos os seus pensamentos, na convicção que assim vão influenciar o
voto nos próprios.
Bem, não sei se eles penam mesmo
isto, mas é provável que pensem mesmo, apesar de todos sentirem que Marcelo
Rebelo de Sousa leva uma vantagem muito grande devido ao seu trabalho de casa
de mais de 10 anos como comentarista na TV. Tem sido muito criticado por ser um
cata-vento, como foi alcunhado por mudar de opinião com frequência.
Neste zigue-zague em particular,
não vejo, sinceramente, que seja muito diferente da maioria dos políticos. A
verdade de hoje é a mentira de amanhã e vice-versa. Veja-se o que os ex-PM
prometeram e juraram antes das eleições e fizeram o seu oposto, com a maior das
facilidades.
De facto a maioria dos candidatos
não tem chances de discutir o pleito com Marcelo, Nóvoa e Maria de belém, os 3
apoiados pelos partidos de governação.
Os dois candidatos da extrema
esquerda, pese embora a sua simpatia, terão apenas 50% de votos do próprio
partido, ou seja, nem sequer conseguirão o pleno dos partidos que os lançaram
(BE e PCP).
Os restantes candidatos vão a terreiro
mas sabem que, numa sociedade cuja participação cívica é próxima de zero, não
vão conseguir resultado que dê sequer para recuperarem o dinheiro que vão
gastar através da subvenção paga pelo Estado a quem tenha 5% dos votos ou mais.
No entanto, o que é mais curioso é
que uma sociedade em que as pessoas de um modo geral estão sempre prontas a
julgar os outros e a criticar; que gosta de se ouvir nos fóruns da rádio, onde
se apresentam como justiceiros e imaculados; que diz que os políticos são
sempre os mesmos; que são uns corruptos; que não há oportunidade para a
sociedade civil, etc, é a mesma sociedade que, ao aparecerem candidaturas
credíveis da dita sociedade civil, como são Henrique Neto, Paulo de Morais e Cândido
Ferreira, os criticam por se candidatarem, porque não têm chances. Curioso
povo.
Bom, mas há candidatos que se
apresentam para serem notados e fazer o seu marketing, como Jorge Sequeira, um
psicólogo motivacional, que certamente vai ter a sua carteira de encomendas
aumentada.
Apesar do circo de vaidades, pelo
menos é a primeira vez que a eleição presidencial serviu para se discutir um
pouco mais as funções do PR, por força de alguns dos candidatos e faça-se
justiça a Paulo Morais, Henrique Neto, Marisa Matias e Edgar Silva, candidatos
sem chance de ir a uma segunda volta, caso ela venha a existir, que duvido, a
fazer fé nas sondagens e no que já vou conhecendo deste povo amorfo.