Miguel Mota |
Ao longo de algumas décadas, tenho
tentado chamar a atenção para o biogás, uma forma de energia renovável que
Portugal tem negligenciado. Não sou especialista da matéria mas, alguns casos de
que tenho notícia levam-me a pensar que poderia ser extensivamente usado em
Portugal, no aproveitamento de estrume, lixos e esgotos.
Lixos e esgotos custam a Portugal
muitos milhões de euros, para os armazenar em aterros ou lançar para o mar,
depois de passarem por uma ETAR que não é barata. Através da decomposição
anaeróbica (na ausência de ar) destes detritos, resulta um gás, metano,
composto por um átomo de carbono e quatro de hidrogénio, que pode ser usado para
produzir calor, ou em geradores de electricidade ou em motores de explosão
usados em veículos. O que temos é muito pouco. Além dos estrumes e dos lixos
urbanos, o problema da poluição nas zonas de criação de porcos talvez encontre
no biogás uma boa solução.
Nos cálculos do custo da produção
do biogás, haverá que se contar sempre com o que se poupa nos custos de
eliminar essa “poluição”.
No artigo “Energias renováveis
negligenciadas”, no Linhas de Elvas de 8-4-2010, referi que os autocarros de
transporte público, na cidade sueca de Helsinborg, utilizavam o biogás
“produzido numa grande unidade. O líquido sobrante é levado para os campos por
pipeline e utilizado pela agricultura, como um óptimo fertilizante.”
Recebo agora a notícia de os
esgotos da cidade de Grand Junction, no estado americano do Colorado, serem
usados da mesma forma, para produção de biogás, o combustível que alimenta a
frota de autocarros e vários camiões.
Na Europa, é na Alemanha que o
biogás está mais utilizado e esse país clama que as suas instalações para o
produzir são as melhores.
Em Fevereiro de 2009 foi criada a
Associação Europeia do Biogás (European Biogas Association, EBA, em inglês),
com sede em Bruxelas. Portugal não é sócio.