07/01/2016

A vida política em Gaia



O rumo que a CM de Gaia trilha não é do meu acordo e discordo em muitos pontos.

Não se pode apregoar transparência, limpidez e pureza e depois não se saber a forma como é distribuído um milhão de euros em subsídios e apoios. A forma como o dinheiro é distribuído e concedido deve ser do conhecimento dos gaienses. É dinheiro público e de todos os contribuintes. Qual o critério? Quais os parâmetros? Quais os itens? Desconheço… Sei de pessoas de associações, uma delas, para ter um parco subsídio de 12.500€ para apoiarem crianças na zona da Vila D`Este, não foi concedido nem foi explicado o porquê?!


Sempre disse que a CM Gaia deveria ter feito uma auditoria, logo no início, para o novo executivo saber como estavam as contas públicas e traçar um plano. Não foi feita, alegando-se que não havia dinheiro, mas há dinheiro para coisas muito menos importantes (este ano 200.000€ para o Marés- Vivas, etc.)


O argumento que as culpas são do anterior executivo de Menezes é uma falácia. Muitas das decisões tomadas nesse tempo tiveram o aval do PS. Não se pode sacudir a água do capote e passar as culpas totalmente para os outros. Pilatos lavou as mãos para aquietar a sua consciência. Essa absolvição de culpa, para apagar dúvidas, não pode acontecer. Num executivo há os vereadores com pelouro e responsabilidades na condução da vida política na CM Gaia, mas também há os vereadores sem pelouro que estão na oposição e têm a obrigação de fazerem contraponto e discordarem das decisões tomadas.


Abster-se é consentir que se faça. Votar contra é estar contra. Ponto!


A CM Gaia vive uma situação de autêntica calamidade financeira em parte culpa do anterior executivo (PSD/CDS), mas também das outras forças políticas a começar pelo PS. Aliás, este executivo integra pessoas que pertenciam a vários executivos do PSD/CDS. A destrinça e separação de águas não é assim tão clara e evidente.


O processo de saneamento financeiro da CM Gaia prevê um empréstimo de 31,8 milhões de euros para fazer face ao passivo de 193 milhões e a extinção de 121 postos de trabalho, revelam documentos municipais. Tudo isto já deveria ter sido feito há muito tempo, logo no início do mandato. Um executivo de uma CM Gaia herda o que é bom, mas também o que é mau.


A CM Gaia tem pessoal a mais. Precisa de ser organizada de outra forma e redução drástica da despesa.Como gaiense prefiro ter a água mais barata, IMI mais baixo, segurança pública e protecção civil, ruas sem buracos, zonas de lazer decentes, do que alimentar uma Câmara com excessos.


Na zona onde resido, Mafamude, o seu presidente de Junta do PS, que é ao mesmo tempo deputado e presidente do Oliveira do Douro viu o seu orçamento chumbado. Os políticos ainda não perceberam que não são nosso Senhor e que não conseguem estar em todo o lado. Este é um exemplo paradigmático, da forma como o PS funciona e não deveria funcionar.


A CM Gaia é notícia por cantar as janeiras a António Costa, não é mau e é uma boa propaganda. Todavia, não sei, o que é que o presidente da CM Gaia está ali a fazer. Deveria era estar a trabalhar, a procurar encontrar soluções e ter ideias para a condução dos destinos da cidade de Gaia.


A CM Gaia em vez de se preocupar com coisas importantes e que os seus colaboradores cumpram a preceito as normas e as suas responsabilidades mandou fazer uma auditoria às telecomunicações para descobrir o autor de uma chamada que se identificou como Ministro e pediu emprego. Mais um fait-divers...


A CM Gaia em vez de deixar de ser controleira e na caça às bruxas. Deveria  saber separar o essencial do acessório: mostrar trabalho e resultados. Esta brincadeira de mau gosto deveria merecer pelos responsáveis a indiferença e ignorar.


Esta linha de acção dominadora vem no seguimento de atitudes persecutórias e menos correctas para quem não pensa como o seu presidente e demais colaboradores. A liberdade de expressão por vezes parece coarctada e com dificuldade de se fazer ouvir e sentir.


Felizmente que há o FB, pois pela minha parte já tentaram evitar que deixasse de escrever no jornal Audiência, o que não o conseguiram. Mas é um precedente grave numa democracia e quem apregoa a sete ventos a liberdade...


Assim vai a vida política em Gaia, em que parece que não há oposição.


JJ