Mário Russo / Paulo Morais |
Joaquim Jorge convidou Paulo Morais para um debate como
candidato à Presidência da República no 101.º debate organizado pelo Clube dos Pensadores ( CdP) e o fez
em boa hora, porque foi um estimulante debate, muito puxado pelo Joaquim Jorge (JJ) que deu
ensejo a que Paulo Morais desse uma aula contra a corrupção que mina a economia
portuguesa.
Como sempre faz, JJ apresentou o convidado, Professor
universitário doutorado e ex-presidente
da Câmara do Porto com Rui Rio, a quem às tantas JJ perguntou porque se desfez
essa dupla e se foi zanga. Paulo Morais disse que após o termo do mandato as
visões de combate à corrupção tanto do Partido como de Rui Rio eram diferentes
e por isso não poderia continuar.
Mas antes, Paulo Morais realçou as virtudes do CdP, como
espaço de Liberdade e que hoje é mais importante que no início, não só porque é
uma marca de qualidade e curriculo, mas porque a sociedade portuguesa não tem
liberdade, ou esta é muito mitigada e vive de medos. As pessoas têm medo até do
que não sabem. O poder político foi capturado pelo poder económico, que
capturou a imprensa, onde jornalistas têm vínculos precários que obedecem às
ordens do dono. Por isso, o CdP é mais importante hoje, que no passado, porque
faltam em Portugal espaços de debate e liberdade como este.
Paulo Morais disse que gostaria de um dia ser lembrado como
aquele cidadão que ousou enfrentar os interesses instalados e se candidatou à
Presidência da República sem apoios dos partidos ou grupos económicos e
conseguiu um excelente resultado com uma campanha sóbria. De facto, Paulo
Morais disse que a sua campanha está orçada em 170 mil euros que será
financiada por donativos individuais módicos, de 5 a 100 euros, no máximo, pois
considerou ser a única forma de ser livre e não ficar atrelado a interesses que
capturam o político. Exemplificou o que se passou nas anteriores eleições, que
custaram quase 6 milhões, financiadas pelas grandes famílias dos grupos económicos,
que assim capturaram quem apoiaram. E deu exemplos dos dois últimos PR,
questionando porque é que Jorge Sampaio não travou as criminosas PPP
rodoviárias ou porque Cavaco não vetou a norma do orçamento que concede isenção
de IMI aos fundos de investimento imobiliário? E está tudo ligado. No primeiro
caso foi a sociedade que elaborou a lei das PPP rodoviárias que mais penaliza
Portugal, pois as concecionárias privadas têm 20% de rendimento
independentemente de passar qualquer veículo, devido a cláusulas confidenciais
como a disponibilidade de área e exemplificou com a A28 de Porto a Viana do
Castelo em que recebem 50 milhões anuais ao abrigo desta cláusula abusiva.
No segundo caso, o Coordenador da campanha de Cavaco foi
Alexandre Relvas, Presidente do maior fundo de investimento imobiliário.
Paulo Morais perguntou como é que a constituição pode estar
a ser aplicada quando não há proporcionalidade no pagamento dos impostos? Neste
caso um cidadão com um apartamento ou casa paga IMI, mas uma sociedade imobiliária
com centenas de propriedades está isenta.
Paulo Morais, como Presidente vetaria estas normas. Tanto do
IMI, quanto a pagamentos indiscriminados de avultadas verbas confidenciais nas
PPP rodoviárias, ambos casos gritantes que obrigam ao Estado cobrar mais
impostos, mais IVA, mais taxas e sobretaxas.
Ainda sobre a corrupção, Paulo Morais além de nomear
diversos casos, designadamente BPN, submarinos, Euro 2004, BES, Banif, BPP, PPP
rodoviárias da era Sócrates, que corrói a economia portuguesa e é responsável
por 30% da dívida pública. Corrupção que é sistémica, ou seja, perpetrada pelos
próprios políticos, ou seja, os deputados advogados que influenciam a
legislação para beneficiar as empresas de advogados para quem trabalham e deu
exemplos gritantes de incompatibilidades, como a do advogado e deputado do PS Vitalino
Canas que é parte interessada no grupo Aga Khan ou os deputados advogados Matos
Correia (CDS), José Luis Arnaut (PSD) com negócios nas sociedades de advogados
com António Vitorino (PS), que é sócio de Paulo Rangel (PSD), etc., etc.
Sociedades de Advogados (grandes sociedades), que albergam deputados advogados
dos 3 partidos do arco da governação, que levam milhões para fazer as
principais leis do país, nitidamente para favorecer os seus clientes, e depois
recebem milhões para dar pareceres sobre elas e ainda vêm os privados pagar
para que estas sociedades litiguem contra o Estado, que lhes pagou para fazer
as leis.
Também não teve medo de falar do caso Sócrates, escusando-se
comentar o processo judicial porque não o conhece, mas sob o ponto de vista
político, Paulo Morais não tem dúvida que Sócrates é o grande representante da
grande corrupção em Portugal. Inaugurou as PPP rodoviárias sem o comparador
público (compara a solução tradicional executada pelo Estado com a com
privados) com prejuízos incalculáveis para o erário público (e Paulo Morais nem
precisou de falar em Paulo Campos, filho do deputado António Campos que foi o
mestre de cerimónias nestas PPP, inclusive alterando cláusulas a beneficiar
escandalosamente privados em PPP, pouco antes de deixar o cargo de secretário
de estado no governo Sócrates). Também foi Sócrates que nacionalizou os
prejuízos do BPN, deixando praticamente todo o património nas mãos dos privados
(Sociedade Lusa de Negócios).
Paulo Morais, é candidato a Presidência para que seja
cumprida a Constituição, que genericamente considera equilibrada e defensora
dos principais valores, desde a dignidade de tratamento a todos os portugueses,
que nos últimos 20 anos tem sido vilipendiada.
Considera o candidato, que Portugal é um país onde todos
podem viver bem e com dignidade e no entanto, quase todos vivem mal porque há
uns poucos que arrecadam privilégios ilegítimos e que têm rendimentos
garantidos e isentos de impostos em muitos casos, à revelia da constituição,
sem que os últimos PR tenham feito nada para contrariar, justamente porque
estão atrelados a interesses que os capturaram.
Uma noite em cheio com uma aula de coragem por parte de
Paulo Morais que deu provas de ser firme, idóneo, com postura ética acima de
qualquer suspeita e pode devolver a Portugal um Presidente que é de facto de
todos os Portugueses.
Parabéns Joaquim Jorge pelo presente de Natal no CdP com
mais um excelente e animado debate a encerrar o ano.