11/09/2015

Entrevista de Joaquim Jorge O Matosinhense




1. O Clube dos Pensadores caminha, a passos largos, quer para o 10.º aniversário, em 2016, quer para o seu 100.º debate. Como é que tudo começou na sua visão de mentor?
Eu não gosto muito que me mandem calar e que me menosprezem. Um dia numa reunião num partido mandaram-me calar, alegaram que eu era novo ali e que o que estava a dizer não tinha cabimento.
Num partido, penso que ainda agora é assim, funciona por “manadas” em que há um chefe que não pode nem deve ser questionado para se chegar a algum sítio. Esse foi o click para me libertar, voar sozinho e sonhar.

2. Define-se, despretensiosamente, como "irreverente, insubmisso, amigo, exigente, crítico, proteccionista e diferente". Se fosse de outra forma, acha que o Clube dos Pensadores teria o dinamismo que tem apresentado ao longo dos anos?
Não sei. Mas a minha maneira de ser tem-me ajudado a impor. Até prova em contrário todas as pessoas são importantes. Ao introduzir a metodologia no Clube dos Pensadores de tratar os convidados pelo seu nome, há 10 anos parecia uma heresia. Mas isso aproxima o convidado das pessoas e vice – versa. Somos um povo de doutores, muito formal e pedante.

3. É um homem das ciências, biólogo e docente da área. Considera que a objectividade e a sistematização de processos daí adveniente seja a base da organização que coloca no que faz, a título pessoal e profissional?
 Com certeza. Sou uma pessoa muito prática e que preparo os debates minuciosamente, fazendo os convites com bastante antecedência. Por vezes o meu feeling acerta em cheio no momento de trazer um convidado. Sou muito pontual e o debate tem regras e tempo para começar e terminar: começa às 21h30 e termina às 23h.

4. Temos constatado, por desabafos seus, que há quem o queira silenciar. O exercício da cidadania incómoda?
Parece que sim. Até costumo dizer que tenho uma relação difícil com a verdade (risos). Quem tem um cargo público pensa que está do alto do  seu pedestal e que lhe passa tudo por baixo. Todavia a história recente mostra-nos que qualquer um cai e quanto mais alto julga estar maior é o estrondo.  Um cargo público existe para servir as pessoas não para se servir e fazer “joguinhos” e engendrar “sucessões”. Acho que as pessoas se começam a cansar deste tipo de gente e com esta mentalidade.

5. Perspectiva alguns projectos futuros que queira partilhar?
 Gostava de festejar com realce o 100.º debate que será brevemente. Espero que seja ainda este ano. Dia 14 de Setembro é o 97.º debate. Muitos debates fi-los em Matosinhos, na Junta de Leça da Palmeira a convite do então presidente de Junta Pedro Tabuada, pessoa de grande sentido cívico e humano que na altura me deu um louvor pelo que faço no Clube dos Pensadores que eu muito agradeço. Gostava de o ter presente nessa data. Tenho memória e não me esqueço de quem me faz bem.

6. Que mensagem é que gostaria de deixar aos nossos leitores?
Procurem estar informados e atentos. Quando acham que têm razão não deixem de o manifestar com argumentos de uma forma educada mas pertinente e assertiva. Sigam o vosso voto e o que ele faz, não chega votar e depois não ligar nenhuma. Gostava que a Rádio Clube de Matosinhos voltasse a esta terra e consta-se que a D. Jacinta contínua nessa cruzada. Por fim gostava que houvesse menos intriga e menos golpes de bastidores, e mais política e mais humanidade. Quem fica a perder é Matosinhos que merece outro tipo de pessoas.


Luís Manuel Martins ( director)