22/07/2015

PARA AGITAR AS MENTES ESQUECIDAS



Eu já não me lembrava deste facto. Se cheguei a dar por ele, há muito o tinha esquecido. A conclusão a que chego agora, pesados os factos que vão chegando ao meu conhecimento, o meu sentimento de solidariedade está, pelo menos, abalado. Cada vez chegam sinais de que os gregos,colectivamente falando, não são flores que se cheirem.

O nosso mundo é, na realidade, muito imperfeito.

1985: Quando a Grécia exigiu mais dinheiro para aceitar Portugal na CEE

Em Março de 1985, Portugal e Espanha negociavam em Bruxelas a adesão à CEE, mas na altura contavam com um opositor de peso: a Grécia. Os Ibéricos entravam se os gregos
recebessem mais fundos.

A manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985 era clara: o acordo estava por um fio “Gregos mantêm veto contra alargamento”. Era esta a manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985, quando Portugal e Espanha discutiam em Bruxelas a entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da União Europeia.

Era a Europa dos 10, antes de se tornar o clube dos 12 em 1986. Convencer os gregos, contudo, não foi fácil: o então primeiro-ministro, Andreas Papandreou, exigia mais fundos europeus para a Grécia como moeda de troca para aceitar o alargamento.

O processo de adesão de Portugal e Espanha estava há muito em cima da mesa, mas os gregos levantaram, desde o início, várias objecções, sobretudo em relação às dificuldades de competitividade económica que iriam enfrentar caso Portugal e Espanha entrassem na Comunidade.

Em finais de Março, as negociações continuavam difíceis: “A Grécia entende que a sua economia não poderá fazer face ao alargamento da Comunidade sem receber os subsídios propostos pela Comissão e não aprovados para desenvolver as regiões agrícolas mais atrasadas”, escreveu o Diário de Lisboa na altura.

Um dia mais tarde, a 29 de Março, as principais divergências eram sanadas e o acordo celebrado com “tostas e vinho espanhol”.

O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Giulio Andreotti, que liderou as negociações, foi recebido com cânticos pelos jornalistas espanhóis quando entrou na sala para revelar a boa-nova:
“Tenho o prazer de vos anunciar que agora temos uma Europa dos ‘Doze'”, disse Andreotti na conferência de imprensa, ladeado pelo seu homólogo espanhol, Fernando Môran, e pelo ministro das Finanças português, Ernâni Lopes.

O ministro português viria, depois, a afirmar que Portugal tinha conseguido “resultados de primeira grandeza que nos permitem encarar melhor o futuro da economia portuguesa a médio-prazo”.

O “preço” que os gregos exigiram para não avançarem com o veto, uma decisão anunciada desde a cimeira de Dublin em 1984, seria conhecido na edição seguinte do jornal.

“Preço do veto grego fixado esta tarde” era o título da manchete do Diário de Lisboa. O jornal explicava que a “Grécia fez depender a retirada do seu anunciado veto do aumento da ajuda às suas regiões mais desfavorecidas através dos PIM [Programas Integrados do Mediterrâneo]”.

Na prática, os gregos exigiram como contrapartida para aceitar a entrada de Portugal e de Espanha na CEE “um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares (cerca de 350 milhões de euros). Qualquer coisa como 1.750 milhões de euros, foi o preço do “sim” da Grécia.

Os Portugueses têm a Memória Curta!

Fonte:
Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares

enviado por Bento Lima