19/07/2015

Artigo de opinião de Joaquim Jorge no PT Jornal



PS de Matosinhos 



Há uns meses atrás o PS de Matosinhos lançou um repto: ou o partido ou Guilherme Pinto. O PS de Matosinhos referiu na altura,“ António Costa vai ter de decidir com quem é que prefere trabalhar – se é com o PS, que tem uma estrutura local, que está legitimada, porque foi eleita pelos militantes, ou se prefere relacionar-se com uma estrutura que está instalada na Câmara de Matosinhos, liderada pelo movimento independente pelo qual Guilherme Pinto se candidatou ao município nas últimas eleições autárquicas?”

Este ambiente tenso e de divisão deveu-se a uma visita de António Costa a Matosinhos em que o PS de Matosinhos não foi ouvido nem achado, nem informado atempadamente, sendo tudo canalizado por Guilherme Pinto que está no poder.
O presidente da concelhia Ernesto Páscoa tem a vida difícil e complicada. Ninguém gosta de ser ostracizado e ultrapassado. Afinal o PS em Matosinhos é oposição e sofreu uma derrota copiosa contra Guilherme Pinto, ” independente socialista”.

O âmago da questão é que o PS em Matosinhos não é poder mas confunde-se com Guilherme Pinto. Todavia Guilherme Pinto é independente e entregou o cartão de militante do PS antes de concorrer à CM Matosinhos. Não vá o Diabo tecê-las e com medo do que fizeram a Narciso Miranda.

Na altura recordo-me que o líder António José Seguro optou pelo respeito dos estatutos na concelhia e foi escolhido pela concelhia- António Parada em detrimento do presidente em exercício Guilherme Pinto. Essa escolha mostrou que foi um erro crasso. Todavia um partido tem regras para os seus militantes: direitos e obrigações. O PS não pode andar ao sabor do vento e ser conforme lhe dá jeito.

O PS nacional percebendo que errou e provocou mal-estar no PS de Matosinhos, informou que estava a ser preparada uma outra iniciativa em Matosinhos, que seria articulada com a concelhia.

Esta semana António Costa voltou a Matosinhos pela mão do PS de Matosinhos, mas a diferença entre esta visita e a anterior para a opinião pública não foi nenhuma. Quem apareceu nas fotos em destaque foi António Costa e Guilherme Pinto. Onde estava Ernesto Páscoa o organizador da iniciativa? António Costa é acusado de estar colado demais ao aparelho do PS mas em Matosinhos está descolado porque há muita gente no PS no distrito do Porto que prefere Guilherme Pinto a Ernesto Páscoa, António Parada, Narciso Miranda e outros.

Aliás Ernesto Páscoa procurou numa atitude de louvar unir socialistas com cartão e sem cartão de militante. Todavia essa atitude bem pensada e harmoniosa mostrou que mais uma vez quem tirou dividendos desta visita foi Guilherme Pinto, e não, o PS. Ser poder esconde muitas coisas e faz com que determinada estratégia penda mais para um lado do que para outro.

A questão primordial é a seguinte: se António Costa está a fim de voltar a integrar Guilherme Pinto no PS tem a sua lógica mas o timing está errado. Antes deveria anunciar publicamente esse propósito. Todavia porque não actua da mesma forma com Narciso Miranda? A forma como Ernesto Páscoa interpreta o que se passa em Matosinhos é correcta e inteligente: unir em vez de dividir.
Por este andar haverá três ou quatro candidatos à CM Matosinhos na área do PS e pode levar a nova derrota.

Tudo isto é inexplicável e caricato. Afinal qual é o papel do PS em Matosinhos? António Costa deve vir a Matosinhos mas respeitar o PS, não ofender os seus eleitos e ferir as suas ideias. Quem votou PS em Matosinhos para a CM Matosinhos fica baralhado e sem saber o que dizer! Um partido não se compadece com revanchismo e questões pessoais.

A vida política em Matosinhos no PS resume-se a uma peça de Shakespeare, A Tempestade é uma história de vingança, é uma história de amor, é uma história de conspirações oportunistas e é uma história que contrapõe a figura disforme, selvagem, pesada dos instintos animais que habitam o homem à figura etérea, incorpórea, espiritualizada de altas aspirações humanas.

Os socialistas em Matosinhos , os seus discursos políticos caducam como os iogurtes. Estão obcecados com o curto prazo, são imprevisíveis e instáveis. Todos querem ser candidatos a presidente de Câmara mas só pode ser um.
A única pessoa que já percebeu isto foi Ernesto Páscoa mas ligam-lhe pouco, apesar de ser o responsável máximo do PS em Matosinhos.

JJ


PS de Matosinhos

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