06/05/2015

Excerto do livro Pedagogia Cívica



(...) Neste país, há a mania de marcar o andamento de uma pessoa. De facto, a sociedade e quem a dirige diz-te que caminho tens que seguir, como tu deves actuar, onde ir, os restaurantes da moda ou discotecas in para onde ir de férias, como te deves vestir, como deves pensar e em quem deves
votar. O teu gosto não é para aqui chamado. Deves seguir à risca o estipulado socialmente. Há normas e costumes que se devem acatar de forma resignada, amorfa e insípida. Se
não o fizeres, és um herege e um alvo a abater. O teu maior problema foi fundares o Clube dos Pensadores e fazeres debates da forma como os fazes, pois há muito tempo que há
debates para todos os gostos, mas não como os teus. Porém, a forma como os fazes, os conduzes e quem convidas marca a diferença e faz escola. Os teus debates têm emoção, um pouco de magia e são únicos. Por isso, quando alguém é diferente, sai do normal e segue em contracorrente, começa por surpreender, chega a desagradar e, depois, como não conseguem modificá-lo,começam a prestar-lhe atenção, porque podem revoltar-se contra o que está estabelecido, contra o que está imposto.( ...)

(...) Fazer o que fazes não tem nada de extraordinário. É um dever e um privilégio que muita gente não o pode fazer. No fundo, algo que é absolutamente normal e natural, mas que Adolfo Suárez definiu como ser preciso “elevar à categoria de normal o que é normal”.
O problema é que há muita gente que não aceita que tu sejas apenas tu mesmo, que o teu copo pode ser pequeno, mas é só dele que bebes. Que tu estabeleças os teus objectivos,
segundo as tuas preferências e prioridades, que tenhas o pernicioso vírus da independência e que por si sejas um grão de areia na engrenagem que chateia toda a gente. (...)