26/03/2015

A responsabilidade do chefe



Miguel Mota 
Em qualquer organização, civil ou militar, em que haja uma hierarquia, cada sector tem, normalmente, um chefe. Está na moda, recentemente, fazer distinção entre “chefe” (mau) e “líder” (bom). Dá-me vontade de rir, pois um chefe é sempre um líder. O que há é bons chefes e maus chefes.
A um chefe são dados alguns poderes, sem o que o sistema não funcionaria. Mas também são dadas responsabilidades. Por definição, tudo o que se passa no sector a cargo de um chefe, é da sua responsabilidade, seja bom ou seja mau. A não ser que haja interferência de um escalão superior – do chefe do chefe – caso em que cessa a responsabilidade do chefe do sector, pois passa a ser transferida para o escalão superior que fez a intervenção.
Ocorreram recentemente vários casos em que os chefes, normalmente de grandes sectores, tentaram desculpar-se de erros, atribuindo-os a alguns subordinados, e alegando que não tinham tido conhecimento. Tivessem ou não tivessem tido conhecimento, e sem ilibar do erro quem o cometeu, a responsabilidade do chefe continuava a existir. Até demonstrava que o chefe não tinha suficiente controlo do que se passava no sector a seu cargo.
Se é um facto que na natureza humana há, com maior ou menor gravidade, falhas e erros, há que os evitar. Se ocorrem alguns de muito más consequências, é natural que haja lugar a punições. Alguns dos poderes do chefe referem normalmente o grau de punições que podem aplicar.

Durante os muitos anos em que exerci o cargo de Chefe do Departamento de Genética da Estação Agronómica Nacional, algumas vezes chamei a atenção de funcionários do Departamento, dizendo para tentarem não cometer erros porque “os vossos erros são também erros meus”.