Miguel Mota |
Em
qualquer organização, civil ou militar, em que haja uma hierarquia, cada sector
tem, normalmente, um chefe. Está na moda, recentemente, fazer distinção entre
“chefe” (mau) e “líder” (bom). Dá-me vontade de rir, pois um chefe é sempre um
líder. O que há é bons chefes e maus chefes.
A
um chefe são dados alguns poderes, sem o que o sistema não funcionaria. Mas
também são dadas responsabilidades. Por definição, tudo o que se passa no
sector a cargo de um chefe, é da sua responsabilidade, seja bom ou seja mau. A
não ser que haja interferência de um escalão superior – do chefe do chefe –
caso em que cessa a responsabilidade do chefe do sector, pois passa a ser transferida
para o escalão superior que fez a intervenção.
Ocorreram
recentemente vários casos em que os chefes, normalmente de grandes sectores,
tentaram desculpar-se de erros, atribuindo-os a alguns subordinados, e alegando
que não tinham tido conhecimento. Tivessem ou não tivessem tido conhecimento, e
sem ilibar do erro quem o cometeu, a responsabilidade do chefe continuava a
existir. Até demonstrava que o chefe não tinha suficiente controlo do que se
passava no sector a seu cargo.
Se
é um facto que na natureza humana há, com maior ou menor gravidade, falhas e
erros, há que os evitar. Se ocorrem alguns de muito más consequências, é
natural que haja lugar a punições. Alguns dos poderes do chefe referem
normalmente o grau de punições que podem aplicar.
Durante
os muitos anos em que exerci o cargo de Chefe do Departamento de Genética da
Estação Agronómica Nacional, algumas vezes chamei a atenção de funcionários do
Departamento, dizendo para tentarem não cometer erros porque “os vossos erros
são também erros meus”.