Miguel Mota |
No Linhas de Elvas de
15/2/2015, Velez Correia refere “... logo após a nossa entrada na Democracia...”.
Não sei se considera essa "entrada" logo após o 25 de Abril e inclui
a ditadura comunista do PREC, quando o povo não tinha qualquer possibilidade de
ter influência nas graves decisões então tomadas, ou apenas mais tarde, quando
já tinha havido um arremedo de eleições "livres". Presumo que, tal
como à quase totalidade dos portugueses, nada o incomoda não poder
candidatar-se a deputado se o desejar. Nem o incomoda que, ao delegar, pelo
voto, o poder que em democracia lhe pertence, só poder fazê-lo num conjunto de
candidatos "nomeados" como tal, ditatorialmente, por alguém. É a sua
opinião e tem direito a ela.
Em ditadura, faz-se o
que os ditadores querem. Em democracia, faz-se o que o povo – a que Velez Correia
e eu pertencemos – deseja.
Na coluna ao lado da
de Velez Correia, o advogado Sílvio Bairrada transcreve um dos muito afrontosos
casos que têm ocorrido em Portugal. Ao apresentá-lo diz “... esta tropa
fandanga que nos saiu na rifa...”. Eu sei que essa expressão é simbólica
mas, na verdade, a “tropa fandanga” não nos saiu na rifa, pois não é resultado
de um sorteio. Para os que se consideram em democracia, é resultado da livre
escolha desses cidadãos. Para mim, é consequência de um sistema ditatorial bem
pior do que o anterior, baseado numa não plebiscitada Constituição – algo
inadmissível em tempos modernos – que apregoa democracia mas é, evidentemente,
uma partidocracia ditatorial. Se os cidadãos quisessem, já teriam tido forma de
alterar o sistema eleitoral, para haver um sistema democrático. Já apresentei
uma proposta nesse sentido, como referi recentemente no artigo “A culpa não é
dos partidos” (LE de 29-2-2015). Naturalmente, quem se considera em democracia
não está interessado em alterações. Mas esses, como Velez Correia, não posso
deixar de os considerar responsáveis pelo estado em que a tropa fandanga pôs o
país, já que consideram ter elegido livremente os governantes.
Resta-me dizer que, a não ser que
me demonstrem que estou errado, sempre pautei as minhas acções pelo que me
parece certo, mesmo que o mundo inteiro diga o contrário. Por essa razão,
concordo em absoluto com um cartaz que vi recentemente e que anexo a este
escrito.