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O panorama
está muito claro, o que está em jogo não é um problema unicamente económico,
mas também político. A Grécia não deseja uma extensão, nem um terceiro resgate
e para isso pede tempo.
Começa a
chegar o momento da verdade para a Grécia. Alex Tsipras e Yanis Varoufakis têm que optar entre uma firmeza
realista que pode melhorar a situação ou um sonho fantasioso susceptível de
levar ao desastre. É necessário um equilíbrio e conciliar os desejos e interesses,
expressos democraticamente nas urnas pelos gregos e - igualmente legítimos - os
interesses dos países da UE.
O plano do
governo grego conjuga elementos de brilhantismo e realismo com ideias menos
claras e confusas.
A verdade é
que o modelo económico em que assenta a UE não previa, entre outras coisas, a
modificação dos tratados monetários, nem a saída de um país e a sua possível
reintegração, nem a existência de uma autoridade política tal como a da Reserva
Federal dos EUA que orienta a política monetária e a necessária articulação com
a política de estabilidade. A Europa não tem uma estratégia de crescimento para
solucionar os problemas humanos e sociais dos europeus.
A única via prevista,
sem alternativa, é submeter-se e aceitar planos de austeridade que destroem o
seu tecido social, sacrificando uma geração inteira, sendo um drama social para
os pensionistas.
Os gregos
votaram Syriza não para provocar uma
revolução mas para os tirar do sufoco, que é a austeridade e os planos de resgaste,
contudo não se pode ignorar o significado da vitória do Syriza. A Grécia está entre
a espada e parede. Se aceitam a ofensiva do panzer
germano- banco central europeu, o voto dos gregos não serviu para nada. De
outro modo, afrontar a Europa será um terramoto com consequências imprevisíveis.
O filósofo americano Bradley dizia, «onde
tudo está mal, às vezes vale a pena experimentar o pior». Está-se num
braço-de-ferro e num desfecho imprevisível.
Provavelmente
haverá concessões para aliviar momentaneamente o sofrimento do povo grego. É
preciso reflectir e não se pode continuar a impor a Portugal, Espanha, Itália, França,
uma austeridade socialmente devastadora. Há a ameaça crescente da extrema-direita
que prospera na Europa e na própria Grécia, por outro lado a expectativa criada
pela vitória do Syriza. Se tal não se
concretizar o passo para uma rebelião é real.
A Europa
pode aceitar algumas medidas sociais - relativas à assistência na saúde, quiçá
um pequeno ajustamento do salário mínimo - mas não vai permitir que congelem as
privatizações e não se pare com as reformas. Haverá muito provavelmente concessões
mínimas e o resgaste grego passará a chamar-se "contrato" ,e tem a sua
lógica, tendo em conta a sua especificidade.
A Grécia e a
Europa estão condenados a entender-se, todavia a Europa não pode funcionar como um
conselho de administração de um banco, é um projecto de índole humana solidária
e cultural.
JJ