12/01/2015

EU SOU CHARLIE E CONTINUAREI A SER CHARLIE




Serei sempre, porque sempre o fui e sou um defensor acérrimo da liberdade de expressão e do direito livre de dizer aquilo que penso e acho. A minha opinião vale o que vale, com a concordância de uns e a discordância de outros. Mas é a minha opinião e tenho, em democracia, o direito a manifestá-la. Quando ouço e vejo, nas redes sociais, coisas tão inverosímeis como comparar o que se passou no Charlie Hebdo com o homem que foi levado a tribunal por ter insultado o Presidente da República fico, na verdade, pasmado! Como é possível? Em democracias pluralistas e vivenciadas na sua plenitude, quando há desrespeito por pessoas, instituições e até símbolos, sejam eles religiosos ou não, existem ferramentas próprias e comuns para se esgrimirem esses possíveis delitos sejam eles de opinião ou não - os tribunais. Essas são as armas que qualquer cidadão tem ao seu dispor quando se vive em liberdade e se pode, em liberdade expressar-se sem nenhum tipo de condicionalismos, pois sabe que se qualquer regra (desrespeito, insultos, difamação, etc) for infringida terá que assumir as suas consequências e terá de argumentar as suas razões em locais para o efeito. Agora, não se mata por dá cá aquela palha só porque alguém tem uma opinião diferente ou satirizou algo que não nos convém ou nos desagradou! Hitler também silenciou e matou milhões de seres humanos por uma causa - a supremacia da raça ariana. Não se pode assassinar e eliminar ninguém por causa de uma religião seja ela qual for! Não vivemos na idade media (onde como se sabe o catolicismo praticou barbaridades via Inquisição), nem vivemos em sociedades onde a barbárie impera e faz lei. É por isso que fui, sou e serei Charlie em qualquer circunstância!


Daniel Braga
Todos aqueles que criticam as manifestações e dizem que não são Charlie, se eventualmente fosse feita uma caricatura do Papa católico (do género dos preservativos no nariz do Papa João Paulo II) e houvesse uma mortandade  sobre o Charlie Hebdo mas perpetrado por um qualquer movimento de Extrema Direita, estavam todos aqui indignados a dizer que a liberdade de expressão e a Democracia estava em perigo! E nessa circunstância seriam todos Charlie por mais que o neguem com veemência…