01/09/2014

TAP: qual é a estratégia da companhia?



Mário Russo
A TAP é uma companhia de bandeira que primava pela segurança. Milhares de portugueses e estrangeiros queriam viajar na TAP porque tinha fama de grande rigor e qualidade na manutenção.
No entanto, nos últimos tempos a companhia tem brindado os clientes com atrasos excessivos, explicados por não ter recebido os aviões encomendados e com novas 13 rotas abertas recentemente. Não compreendo como uma empresa de qualidade não tenha um plano B para uma situação deste tipo, precavendo-se antecipadamente e abrindo as rotas conforme disponibilidade de aeronaves.
Passa uma imagem péssima e quase irrecuperável. Mas nada é tão mau que não possa ser ainda pior. Com efeito, nos últimos tempos a coisa é mais séria, porque são avarias mesmo. Só nesta semana são 3 os casos a somar a tantos outros desde o início do ano.
Os técnicos da manutenção da TAP não desaprenderam. Resta então, fazer algumas perguntas. Estará a Administração à espera da queda de um aparelho para tomar medidas competentes que ainda não adotou? Só diante de um desastre o Governo vai questionar a Administração?
Como se sabe a companhia está na corda bamba para a privatização. Estes incidentes são suficientes para minar a credibilidade de uma companhia aérea. Um especialista em aviação disse que a companhia da Malásia, com 2 acidentes em pouco tempo, poderia vir à falência com a fuga de clientes. E o que acontecerá à TAP com tão más notícias? Eu sempre preferi TAP, no entanto, os últimos 6 meses são um verdadeiro martírio e demasiados incidentes graves sem consequências nenhumas. Já questiono se vou viajar mais na TAP, nestas circunstâncias. Quantos milhares não vão mudar de companhia?
O que se passa? A administração está a deixar sair os melhores técnicos, seja na manutenção, seja pilotos, para a Emirates sem repor o número de efetivos necessários? É resultado da crise financeira e de ordens do Governo, perito em cortar a eito?
Os interesses na privatização estão a influenciar atitudes de desleixo para que seja vendida por duas cascas de alho?
O Governo vai manter-se impávido e sereno ver o desastre acontecer?
Dá a entender que se trata de uma atitude criminosa o que se passa na TAP. O Conselho de Administração (CA) já deveria ter sido chamado a responder por tamanha falta de competência. Não se justifica abrir 13 rotas e depois não ter as aeronaves para dar resposta. Não se justificam demasiados incidentes com aeronaves. São demasiados e nunca visto no historial da companhia em tão pouco tempo. É um record de acidentes. O valor da companhia vai por água abaixo e uma previsível fuga de clientes vai agravar os prejuízos, terreno fértil para a venda a custo zero. Se for esta a estratégia, o CA deve ter um prémio e o Governo também.
Viva Portugal, no seu melhor.