O PS está mergulhado numa grave crise e o próximo líder tem um trabalho árduo de reconstrução e regeneração do partido.
Devolver ao partido a sua credibilidade. O essencial e mais premente é devolver de novo a credibilidade perdida e a capacidade dos seus dirigentes para serem credíveis.
O PS é oposição não é poder não tem os recursos económicos, nem unidade. É fundamental neste processo, sem fim no PS, que o PS de uma vez por todas corra atrás do prejuízo e torne esta adversidade em vantagem. Uma das chaves actualmente na política é ser transparente e explicar tim-tim por tim-tim o que se está a fazer e para onde se quer ir. O PSD e o CDS são poder, estão no governo e isso permite muitas coisas, nada se passa, parecem unidos e aparentemente aguardam o grande dia das eleições legislativas de 2015.
O PS ultimamente tem vivido em ambiguidade e falta de explicações para dentro de si e para fora. António José Seguro nunca teve a vida fácil no seu mandato e as lutas intestinas em surdina e agora audíveis, nunca lhe facilitaram a vida. Porém a falta de explicações é capaz de acabar com qualquer político. O PS entrou numa espiral sem solução. É injusto dizer-se que Seguro não fez coisas boas e propôs reformas importantes que são imprescindíveis.
Mas este interregno nesta disputa interna pode-lhe ser fatal com evidente prejuízo. Os problemas prementes do país não esperam. No debate da Nação , viu-se um PS diminuído, não se sabendo quem é o próximo líder e quem é que manda. Existe alguma ambiguidade, qual o caminho a seguir na área económica e social. É necessário suavizar as regras da UE, corrigir a restrita política de austeridade mantida até agora.
É fundamental um partido com vontade de poder e virado para fora, as eleições estão aí à porta.
Os portugueses não vêem o PS como uma alternativa, mas também sabem que a única alternativa a este governo é o PS. O PS tem que mudar e correr atrás do prejuízo, explicando-se, saindo desta contenda fortalecido.
Tem que iniciar um processo de regeneração e cortar com o passado (José Sócrates) e o passado recente, fechar a brecha da desconfiança entre os cidadãos e as instituições e isso passa por reformar o nosso sistema eleitoral. Não tem que passar pela diminuição do número de deputados, mas passa pelo acesso mais igualitário a todos os órgãos do poder. Regular o funcionamento dos partidos, acabar com o seu financiamento privado. Reduzir o seu financiamento estatal ao mínimo. Eleições livres e abertas.
O PS deve ser capaz de sair da crise e abordar decidamente a reconstrução do seu espaço político.
Como diz Janet Yellen, presidente da Reserva Federal dos EUA: “A chave fundamental para recuperar a credibilidade é explicares o que estás a fazer e porquê”.
O PS precisa de um líder que nos empurre e não de um líder que seja empurrado.
JJ