Durão Barroso terminou o segundo mandato na Comissão
Europeia sem glória. Um português ao mais alto nível poderia ser motivo de
orgulho. Foi assim que me senti quando ele foi indigitado para o 1º mandato.
Porém fazendo um balanço não posso deixar de lamentar como foi ele o principal
causador da estagnação Europeia nestes últimos 10 anos, ou melhor, regressão.
De facto, Barroso que em Portugal, na oposição a Guterres,
fazia alarde de defender os pequenos países, virou o bico ao prego e colou-se
aos poderosos, desde a cimeira nos Açores com Bush e Blair. Com Sarkozy na
presidência francesa foi um capacho deste. Colou-se depois a Merkel e abandonou
desde a primeira hora qualquer ideia acerca dos mais desprotegidos países da
UE.
Foi incapaz de uma atitude à Jaques Delors, um verdadeiro
Estadista, com ideias, independente e visão estratégica. Tinha uma ideia de
Europa e impunha a sua visão aos governantes. Ao contrário do lambe-botas
Barroso, Delors traçou metas, a Europa era solidária e caminhou para o
progresso e equilíbrio no desenvolvimento de todos os países. Todos tinham voz.
Barroso traiu os pequenos com o tratado de Lisboa, tirando-lhes o pio.
Barroso alinhou com os seus patrões europeus anglo-saxónicos
massacrando e impondo uma dieta de fome e miséria a título de ajuste das
finanças dos países periféricos, não se importando com os programas de
austeridade draconianos que estão a levar-nos ao precipício, sem honra nem
glória.
É este Barroso que espreita um lugar ao sol, seja na Presidência
de Portugal ou em qualquer el-dourado no areópago internacional. Este camaleão,
ou bagre, porque se mexe bem no lodo, começa a querer fazer o regresso à defesa
dos “pobres” e pequenos, que não passa de uma manobra desviante do caminho
trilhado nestes dois mandatos à frente da CE e justificando a sua vergonhosa
posição naquele posto que poderia honrar os portugueses.
Este senhor tem o rosto do declínio e desprestígio da União
Europeia.
Aliás, não me admiro de começar a haver cada vez mais
eurocéticos. Afinal para que serve estar na UE? Para ficarmos amarrados e
amordaçados? Sem liberdade de nos livrarmos das amarras e grilhetas, não prever
o futuro, ou melhor, lutar por ele? Uma Europa de egoísmos, sem solidariedade?
Uma Europa donde vem austeridade e gozo por haver países a sofrer?
É esta Europa que Barroso conseguiu construir. As suas
lágrimas de crocodilo não me comoverão. Uma deceção como português, que me
envergonha.
Mário Russo