Miguel Mota |
Assisti,
na TV, à entrevista do Dr. António Capucho. Depois de tratar do caso da
expulsão do entrevistado pelo PSD, de acordo com os estatutos (que, no entanto,
não foram aplicados a muitos outros casos…), falou-se longamente de eleições.
Os
portugueses, na sua quase totalidade, clamam que vivemos em democracia,
simplesmente porque podem protestar. Mostram não saber que, em democracia, o
sistema em que o poder reside nos cidadãos, não há uma ou meia-dúzia de
cidadãos a dizerem aos eleitores em quem é que eles têm licença de votar, ou seja,
delegar o seu poder. Desse mal se queixavam na anterior ditadura, mas parece
que já o esqueceram.
O
que se tratou em grande parte da entrevista foi exactamente de saber quem é que
o partido devia determinar que fosse candidato. Com a maior naturalidade, como
se a vontade dos cidadãos fosse letra morta. Ou seja, os cidadãos são os
detentores do poder, mas só o podem delegar em quem os chefes dos partidos (os
actuais ditadores) decidem que seja o candidato.
Como,
para as autarquias, se abriu uma pequena janela democrática, o sistema já não está
completamente blindado. Os portugueses têm vindo, progressivamente, a eleger
cada vez mais candidatos independentes e é de esperar que esse modelo seja
incrementado.
Os
partidos têm toda a razão para existirem, mas não como órgãos de poder. E muito
menos como órgãos de poder ditatorial, como temos no nosso país.