10/01/2014

Pensões: reformular o cálculo


O Governo não desiste da convergência das pensões dos funcionários públicos com o regime geral da Segurança Social e vai insistir em duas fases. O Governo vai avançar com a convergência das pensões em duas fases. O Governo propõe Contribuição Extraordinária para pensões a partir dos 1000 euros, os funcionários públicos que se reformem este ano são os mais penalizados.

A 1ªfase - e com debate já marcado para dia 22 - com o corte nas pensões a atribuir, o que fará com que os funcionários públicos que se venham a reformar-se ao longo deste ano tenham um corte de 10% em relação à reforma esperada e possam, assim, ser os mais penalizados com este conjunto de medidas.
A 2ªfase será cortar nas pensões já em pagamento.

Tem que reformular-se o cálculo das pensões! Não chega taxar as pensões douradas e as pensões antigas. Eu sei que dá trabalho mas não deixem de o fazer, processo a processo, repartição a repartição, instituto a instituto. Deve aproveitar-se o momento para estabelecer regras limpas e de equidade.

 As reformas de pensão devem ser calculadas em função dos descontos feitos, e não, em função de benesses e cargos exercidos próximo da idade de reforma. Distribuir o mal pelas aldeias, como diz, o sábio povo. Não pode haver pensionistas de primeira, reformados até 2005, pensionistas de segunda reformada depois de 2005 até 2013 e pensionistas de terceira reformados a partir de  2014. Tem que ser reformulado o sacrifício por todos sem excepção.  A democracia deve consubstanciar elites pensantes, não elites com os bolsos cheios ou chico-espertos ou aproveitadores de leis enviesadas. 

 Em relação às pensões douradas serem taxadas é um bom princípio  mas não chega. Sei que dá trabalho e não pode ser feito de um momento para o outro, tem que se analisar as contribuições ao longo dos anos. Se fez descontos pelo que está a receber, nada a opor. Todavia se usufrui de uma pensão choruda, por um cargo exercido nos últimos anos e não pela sua efectiva contribuição para a Segurança Social ou Caixa Nacional de Aposentação, deve ser feito uma reanálise da sua pensão. Outros fizeram descontos mínimos e só nos últimos anos fizeram altos descontos para usufruírem de uma super-pensão. Temos que reformular e reanalisar essas pensões para o bem comum. Só assim iremos a algum lado.

Por outro lado, se bem me recordo Teixeira dos Santos quando foi Ministro da Finanças acabou com a acumulação dos reformados com pensões na função pública e depois foi estendida aos privados pagos pela Segurança Social. Esta regra de não se poder acumular a pensão com o vencimento teve efeitos retroactivos. Um bom exemplo de equidade, transparência e repartição dos sacrifícios por todos. Não pode haver, uns antes e outros depois.

Esta proibida de acumulação de pensão e vencimento foi alargada a todos, incluindo políticos e abrangeu o Presidente da República, Cavaco Silva. E, o mais importante os políticos não podem  acumular o salário das suas funções actuais com a subvenção vitalícia que nada tem que ver com uma normal pensão.

Teixeira dos Santos tomou esta  posição. Deste modo a acumulação de pensões com o salário, não é permitida e teve efeitos imediatos para quem acumulava pensão e salário.
O pressuposto da retroactividade vingou concomitantemente com a anulação dos direitos adquiridos.

Nesta crise ao longo dos anos os direitos adquiridos têm sido postos em causa para o bem comum, então o princípio da não retroactividade, isto é, o que se passou vai ficar assim (até 2005 e depois), terá que ser revisto e o princípio da retroactividade tem que ser posto em causa. O TC não será com certeza insensível a esta questão.

Deste modo a credibilidade será reposta e a política na sua essência virá ao de cima. A política é feita para abranger o bem-estar do maior número de pessoas e não de uns tantos.

A única coisa que não muda é a mudança para melhor. Os cortes para os portugueses nunca mais acabam, a  maioria dos funcionários públicos e de muitos portugueses estão  numa enfermaria do hospital em coma fiscal.

Não há claridade, não há futuro, sabemos o que somos hoje, ou não somos mas não sabemos o que vamos ser amanhã. 

 Estou triste, acabrunhado, acho que já contribuí muito para que o país ande para a frente e estão a dar  mais uma machadada nos meus projectos de vida e poder usufruir do esforço que fiz ao longo dos anos.
 
O futuro é negro e imprevisível, Portugal está moribundo.

JJ