24/01/2014

Economia Portuguesa muito bem, … encaminhada para o abismo social





Os políticos afetos ao Governo e governantes têm vindo a lume dar alvíssaras sobre a saúde e pujança da economia portuguesa, fruto de recentes indicadores macroeconómicos considerados positivos pelas instâncias internacionais. Estas notícias são fabricadas pelas agências de propaganda do regime implantado, quer em Portugal, quer na Europa.
Depois do rotundo falhanço das suas políticas, a começar pela forma como abordaram o subprime nos EUA, dando ordens para que os Estados Membros gastassem à tripa forra, dois anos depois deram ordens contrárias, de freio ao fundo, até à forma como desenharam os programas de resgate aplicados pelo triunvirato de sádicos. Com efeito, a cada sinal de postergação de franjas significativas da população, de falências, desemprego galopante de que não há memória, vinham as notícias de que 
Portugal estava no bom caminho. Ora só poderia ser conversa de algoz a caminho do cepo para degolar mais um prisioneiro.

Os últimos dados são apenas macroeconómicos, sem repercussão na vida dos portugueses. O que vai repercutir mesmo é o resultado do programa de assalto à mão desarmada em que se traduzem os cortes abissais perpetrados aos funcionários públicos e os elevados impostos sobre todos os portugueses. E, para espanto, muitos dos algozes vêm agora dizer que é preciso haver procura interna para alavancar a economia. Primeiro corta-se e depois acha-se normal haver recuperação do poder de compra. Só se os trabalhadores passassem a ser como os governantes, gangsters que assaltam em qualquer esquina. Não há outra alternativa.

Em 2013 já foi penoso, mas houve uma salvação in extremis pelo Tribunal Constitucional que evitou ser retirado da economia (consumo) mais de mil milhões de euros. Agora para 2014 será o golpe fatal com mais cortes salariais e, por isso, mais dificuldades para a economia real ganhar alento para tentar se levantar.

De facto, milhares de famílias que honravam os seus compromissos com o seu rendimento, com os cortes bárbaros só passaram a poder fazê-lo no último ano à custa de gastar poupanças de tantos anos de labuta. Mas, quem tanto tira do pote, um dia vê-o vazio. E é o que está a começar a acontecer. As manifestações e desabafos que se ouvem nas entrevistas na TV são disso indício. É uma perceção que tenho tido em conversas diretas ou por escuta nos mais variados locais (barbeiro, comércio, etc.), pese embora sem validade científica, dão-me subsídio para acreditar no que venho concluindo e alertando acerca da situação social explosiva atual.

Mário Russo
A procura interna é muito baixa e será pior com tantos cortes e insensibilidade. As importações ainda são insuficientes para alterar esta situação. Aliás, só podemos crescer neste setor se agregarmos mais-valias, seja em serviços, seja em bens transacionáveis de excelência. No entanto, é preciso maior apoio à educação e à investigação, o contrário do que o governo tem feito, e ter paciência porque não é por decreto. É preciso tempo e estratégia para obter resultados. As reformas estruturais não se fazem. Os cortes, onde seria necessário, não são feitos porque atingem poderosos. Por isso, vaticino um futuro sombrio para Portugal, ao arrepio do dourar da pilula deste Governo, que está muito enganado com os sinais.