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Miguel Mota |
Os Correios de Portugal sempre foram uma instituição
pública que funcionou razoavelmente bem, em tempos antigos muito bem.
Na
presente fúria de privatizações - que já vi ser designada privataria -
verdadeira delapidação do património público e destruição de serviços públicos,
para dar chorudos negócios a privados, à custa dos cidadãos, chegou agora a vez
dos Correios, os CTT.
Para o negócio ser ainda mais chorudo para os novos
donos, reduzindo custos – sempre à custa dos cidadãos – começaram, com o maior
descaramento, por extinguir dezenas de estações com muito movimento, obrigando,
desde já, milhares de pessoas a deslocarem-se a longas distâncias. Os novos
donos não terão de fazer, depois, esse trabalho sujo. Falo com experiência
própria e não vivo nos confins do Alentejo ou de Trás-os-Montes, mas numa
importante vila do distrito de Lisboa.
A esta descarada
acção, segue-se o que pode ser considerado grande cinismo. Depois de ter degradado
o serviço com a referida extinção de dezenas de estações, com grandes prejuízos
para os utentes, os CTT escreveram-lhes, a dar-lhes uma oportunidade – “Esta
oportunidade é dirigida a si” - a tentar vender-lhes fracções da empresa
que ainda lhes pertence, como donos do património do estado. Se ainda antes de
lhes terem tirado os Correios, já estavam a degradar o serviço, imagina-se o
que será o futuro!
Não admira que o 25 de
Abril tivesse feito com que muitos dos antigos oposicionistas - não
comunistas - passassem a preferir a anterior ditadura, que até tirou o país
duma situação quase tão má como a actual e não causou à grande massa da
população esta escandalosa perda do seu nível de vida, com uma gestão
extremamente – e deliberadamente? - danosa.