06/12/2013

Correios: descaramento e cinismo




Miguel Mota
Os Correios  de Portugal sempre foram uma instituição pública que funcionou razoavelmente bem, em tempos antigos muito bem.
Na presente fúria de privatizações - que já vi ser designada privataria - verdadeira delapidação do património público e destruição de serviços públicos, para dar chorudos negócios a privados, à custa dos cidadãos, chegou agora a vez dos Correios, os CTT.
Para o negócio ser ainda mais chorudo para os novos donos, reduzindo custos – sempre à custa dos cidadãos – começaram, com o maior descaramento, por extinguir dezenas de estações com muito movimento, obrigando, desde já, milhares de pessoas a deslocarem-se a longas distâncias. Os novos donos não terão de fazer, depois, esse trabalho sujo. Falo com experiência própria e não vivo nos confins do Alentejo ou de Trás-os-Montes, mas numa importante vila do distrito de Lisboa.
A esta descarada acção, segue-se o que pode ser considerado grande cinismo. Depois de ter degradado o serviço com a referida extinção de dezenas de estações, com grandes prejuízos para os utentes, os CTT escreveram-lhes, a dar-lhes uma oportunidade – “Esta oportunidade é dirigida a si”  - a tentar vender-lhes fracções da empresa que ainda lhes pertence, como donos do património do estado. Se ainda antes de lhes terem tirado os Correios, já estavam a degradar o serviço, imagina-se o que será o futuro!
Não admira que o 25 de Abril  tivesse feito com que muitos dos antigos oposicionistas - não comunistas - passassem a preferir a anterior ditadura, que até tirou o país duma situação quase tão má como a actual e não causou à grande massa da população esta escandalosa perda do seu nível de vida, com uma gestão extremamente – e deliberadamente? - danosa.