A vida
pública precisa de uma mudança de mentalidade radical, em que impere a
educação, princípios, ética, honra, carácter, compromisso e
responsabilização pelos seus actos. Separar, de uma vez por todas, os
interesses da política.
Entender o exercício de um cargo público como serviço público,
algo de passagem e não para toda a vida. Não confundir erário público
com erário pessoal.
Os desvarios que se verificam, ao longo dos anos, em funções públicas
são um atropelo à verdadeira política. O que se passa no nosso país é o
exercício de uma falsa política.
É necessário o retorno da verdadeira política e verdadeiros líderes
pela negociação e pelo pacto como modo permanente e busca incessante, e
não, resignadamente suportado, na resolução de problemas e desacordos.
Tem que haver o predomínio do diálogo, do respeito mútuo como estilo na política.
Com tanta informação
demoscópica como agora existe sobre variados assuntos e ao dispor de
todos nós, é inexplicável que os partidos continuem a ouvir unicamente
os seus quadros e militantes e apenas se esforcem em ouvir em quem vota
neles.
Daí, mais uma razão para o enfado dos portugueses. Todos os partidos
dizem que lhe vão pôr cobro e vão mudar mas não o fazem na realidade.
Não parece plausível haver remédio. A prolongada surdia dos partidos
que aqui e ali parecem corrigir não chega para alterar o que as pessoas
pensam dos partidos.
Há uma tendência para fugir da política. A legitimidade dos sufrágios
nem sempre pode ser argumento para tomar decisões unilaterais.
Há vantagens em ser militante de um partido, por tudo o que dá acesso ao poder, mas ao mesmo tempo há todas as vantagens de não o ser.
A alma mater da democracia são os partidos políticos mas também
deveria ser a busca de alternativas, alternância e o acesso ao poder de
independentes.
A democracia tem singularidades interessantes, fala-se muito em
igualdade de oportunidades mas depois o acesso de quase tudo que é
Estado é feito pelo entourage dos partidos.
A sociedade civil reclama uma maior participação na vida pública,
para além do voto, mas os partidos teimam em ter uma actuação à parte.
JJ
texto publicado no PT Jornal