17/08/2013

Eleições Autárquicas vs. Governo

Pedro Passos Coelho diz que não se pode ter como dado adquirido uma espécie de teste ácido ao governo nestas eleições autárquicas, por outro lado, que o seu desfecho não terá consequências no Governo.

Ao falar nisso está a dar grande importância ao facto. Recordo-me da saída do governo de António Guterres  na sequência de um resultado menos bom , do PS, nas eleições autárquicas.
Por fim estabeleceu como objectivo ganhar as eleições e assumiu desde já que será ele a dar a cara pelo partido na noite de 29 de  Setembro.

Sobre as eleições autárquicas que se aproximam, Passos Coelho diz também que o objectivo do PSD a 29 de Setembro é manter a liderança da Associação Nacional de Municípios.

Bem há coisas que não percebo! Se estas eleições são autárquicas e de âmbito local ao nível das câmaras e juntas de freguesia , não entendo porque vem dar a cara membros do governo que tem por finalidade governar Portugal num âmbito central e não local.

Se eu fosse primeiro-ministro não autorizava que nenhum membro do governo mesmo os que tutelam as autarquias fizessem campanha e estivessem com candidatos autárquicos.

Um dos defeitos que enfrenta a nossa democracia depois do 25 de Abril é a dificuldade na separação de poderes e de águas. Separação da justiça e politica, separação do público e privado, separação de uma eleição local de uma eleição nacional , etc.
 
Uma eleição local deve ser protagonizada pelos candidatos autárquicos, e não, o governo dar uma ajuda com a sua presença mobilizando comunicação social e gente, para depois só falar e dar recados de política nacional. 

Uma eleição autárquica é local, uma eleição legislativa é nacional, uma eleição europeia é para a Europa.

Não devemos nem podemos misturar as coisas. Há uma tendência na política portuguesa para ter o dom da ubiquidade, estar-se em todo o lado e ter lugares em todo o lado : membro do governo e concorrer a presidente da assembleia municipal de uma cidade ; em vez de se estar a trabalhar no governo, procura-se ajudar um candidato a uma câmara; etc.

O primeiro-ministro e membros do governo ao aparecerem em campanha eleitoral autárquica assim como líderes e dirigentes dos partidos da oposição apareceram a apoiar os seus apaniguados indubitavelmente, mesmo que não se pretenda, negue ou se rejeite, estas eleições autárquicas terão uma leitura nacional e terão consequências para este governo e para a oposição.

E o mais importante, não se deve deixar de ter em conta que os portugueses vão aproveitar esta ocasião para mostrarem e fazerem ver a este governo, o quanto tem seguido políticas erradas e violentas pela austeridade a qualquer preço.

JJ