Pedro Passos Coelho diz que não se pode ter como dado adquirido uma espécie de teste ácido ao governo nestas eleições autárquicas, por outro lado, que o seu desfecho não terá consequências no Governo.
Ao falar nisso está a dar grande importância ao facto. Recordo-me da saída do governo de António Guterres na sequência de um resultado menos bom , do PS, nas eleições autárquicas.
Por fim estabeleceu como objectivo ganhar as eleições e assumiu desde já que será ele a dar a cara pelo partido na noite de 29 de Setembro.
Sobre as eleições autárquicas que se aproximam, Passos Coelho diz também que o
objectivo do PSD a 29 de Setembro é manter a liderança da Associação
Nacional de Municípios.
Bem há coisas que não percebo! Se estas eleições são autárquicas e de âmbito local ao nível das câmaras e juntas de freguesia , não entendo porque vem dar a cara membros do governo que tem por finalidade governar Portugal num âmbito central e não local.
Se eu fosse primeiro-ministro não autorizava que nenhum membro do governo mesmo os que tutelam as autarquias fizessem campanha e estivessem com candidatos autárquicos.
Um dos defeitos que enfrenta a nossa democracia depois do 25 de Abril é a dificuldade na separação de poderes e de águas. Separação da justiça e politica, separação do público e privado, separação de uma eleição local de uma eleição nacional , etc.
Uma eleição local deve ser protagonizada pelos candidatos autárquicos, e não, o governo dar uma ajuda com a sua presença mobilizando comunicação social e gente, para depois só falar e dar recados de política nacional.
Uma eleição autárquica é local, uma eleição legislativa é nacional, uma eleição europeia é para a Europa.
Não devemos nem podemos misturar as coisas. Há uma tendência na política portuguesa para ter o dom da ubiquidade, estar-se em todo o lado e ter lugares em todo o lado : membro do governo e concorrer a presidente da assembleia municipal de uma cidade ; em vez de se estar a trabalhar no governo, procura-se ajudar um candidato a uma câmara; etc.
O primeiro-ministro e membros do governo ao aparecerem em campanha eleitoral autárquica assim como líderes e dirigentes dos partidos da oposição apareceram a apoiar os seus apaniguados indubitavelmente, mesmo que não se pretenda, negue ou se rejeite, estas eleições autárquicas terão uma leitura nacional e terão consequências para este governo e para a oposição.
E o mais importante, não se deve deixar de ter em conta que os portugueses vão aproveitar esta ocasião para mostrarem e fazerem ver a este governo, o quanto tem seguido políticas erradas e violentas pela austeridade a qualquer preço.
JJ