Tereza Halliday |
Os membros do
Congresso Nacional deram-se férias. Não podiam nem deviam. Segundo matéria neste
jornal (DP, 18/7/2013, p.A6), “impedidos do direito de férias por não terem
conseguido aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias a tempo, deputados e
senadores ignoraram a proibição constitucional e entram em recesso branco, por
decisão tomada em plenário.(...) Não haverá decisões nem sessões deliberativas
até 31 de agosto”.
Tadinhos! Depois de
tanta trabalheira tentando proteger-se do “clamor das ruas”, fazendo de conta
que vão diminuir seus privilégios e costurando alianças para as coisas
continuarem do jeito deles, tiraram férias, que ninguém é de ferro! Justiça seja
feita, alguns parlamentares manifestaram-se contra esse recesso, como o autor
deste comentário, que pediu para não citar seu nome: “O mal foi feito, não tem o
que esconder. A população queria agora provas de que foi ouvida e esse não é o
sinal”. O sinal foi “não dou a mínima!” para os eleitores que lhes deram o
emprego privilegiado de deputado ou senador. Eleitores que os contestaram e
desafiaram, recentemente, nas ruas. Nos protestos, o Poder Executivo não recebeu
pedradas sozinho. Os cartazes irônicos e contundentes também se dirigiam ao
Poder Legislativo.
Por precaução, os
parlamentares foram orientados a proteger-se do olhão da mídia e dos puxões de
orelhas de todos nós, seus empregadores. Foram aconselhados a evitar
“fotografias de feriado”, a não ser flagrados “divertindo-se no exterior ou
descansando na praia”. Segundo alentado humorista, a hipocrisia é
o imposto que o vício paga à virtude. Os nossos pseudorepresentantes vão curtir
discretamente coisas gostosas que podem ser feitas no interior do quarto,
apartamento, mansão. Afinal de contas, eles se importam um pouquinho com o que
pensamos deles. Por isto, abriram licitação para encomendar pesquisa de opinião
a seu respeito.
Com essas férias
extemporâneas, os parlamentares fizeram uma pachecada – termo derivado de
Pacheco, personagem de Eça de Queiroz, pomposo, ridículo e medíocre; sinônimo de
asneira, dislate, despautério. O que os torna matéria prima excelente para os
cartunistas, com as sempre honrosas exceções: aqueles congressistas sérios e
dignos, que só transigem um tiquinho de nada, porque faz parte da profissão. A
fim de acompanhar seus feitos e malfeitos, acessem http://olhonasemendas.com.br/ (em cache) e http://www.votonaweb.com.br. Felizes férias,
Excelências! (Diário de Pernambuco, 29/7/2013).
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"Se avexe não, amanhã pode acontecer tudo, inclusive
nada.
(Accioly Neto)