17/06/2013

Fernando Pessoa

Tiago Sousa
Quando estava a organizar uns livros que já tinha lido e queria doar à biblioteca municipal de Oliveira do Hospital, dei com um boletim cultural da Fundação Calouste Gulbenkian dos idos inícios dos anos 90 do século passado. O titulo do boletim é "O Homem Português". Abri à sorte num artigo que se intitulava Portugueses: Heróis Adiados e comecei a ler: "Das feições de alma que caracterizam o povo português, a mais irritante é sem dúvida o seu excesso de disciplina. Somos um povo disciplinado por excelência.(...) Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando por milagre de desnacionalização temporária, pratica a traição à Pátria, de ter um gesto , um pensamento, ou um sentimento dependente, a sua audácia nunca é completa, porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção à critica.(...) Somos incapazes de revolta e de agitação. Quando fizemos uma "revolução" foi para implantar uma coisa igual ao que já estava." Tendo em conta as ideias tão próximas do que acontece nos dias de hoje esperei quando virei a página ver o nome de um autor recente, qual não é o meu espanto quando vejo que esta dissertação foi escrita por FERNANDO PESSOA. A génese do povo português não muda apesar do tempo.