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Mário Russo |
Os grandes traços do documento resumem-se às seguintes
sentenças: "A alternativa de regressar a comportamentos passados implica,
numa versão mais radical, a bancarrota e a saída do euro". E diz mais
"numa versão mais mitigada, um percurso penoso com a soberania portuguesa
reduzida durante um largo período de tempo. A troika tornar-se-ia uma presença
habitual e constante no nosso país" e remata, “trata-se de desistir ou
adiar a construção de um Portugal aberto e moderno". Só porque ele acredita
que assim seja.
Pura fantasia. O país está a caminhar para a bancarrota, se
já lá não estiver, com sustentada queda económica e crescimento da miséria e do
desemprego. Únicas certezas deste modelo Gaspar/Troika.
Em concertação com Gaspar, Pedro Passos Coelho explica numa
visita pública, que o problema do país "não está nas taxas de juro, mas na
dívida acumulada e que para Portugal ganhar qualidade creditícia, as contas têm
de bater certo".
E explica professoralmente que "Há um mito que se
instalou e que eu gostaria hoje de dar um contributo para afastar. É o mito de
que o Governo só não corta nos juros se não quiser". "Nunca as taxas
de juro para a dívida pública foram tão baixas em Portugal”. Depois rematou PPC
"Não é preciso, portanto, dominar grande aritmética para perceber que o
problema não está na taxa de juro, mas na dívida que é grande".
Mas a coerência durou pouco, porque a seguir disse “Nós
pagámos em 2012 qualquer coisa como 7,5 mil milhões em juros de dívida pública,
foi o maior programa orçamental, mais do que a saúde, a educação e a segurança
social".
Com efeito, se o problema não é o Juro, como é que o seu
pagamento é assustadoramente superior ao orçamento de ministérios como o da
saúde e da educação? O problema é que a Matemática/ Aritmética está muito por
baixo lá para os lados do governo. Ora se o juro fosse 50% do que é, esse
montante seria metade. E se fosse o que o BCE concede aos bancos privados para
fazerem especulação com os Estados, esse valor seria inferior a 25%.
Gaspar acha que coloca a economia no trilho do crescimento
com baixos salários e com os cortes sucessivos, delapidando o meio circulante
que poderia animar a economia. Não ataca os sorvedouros públicos: PPP,
fundações inócuas, administração do território, juros escandalosos de contratos
ruinosos, rendas excessivas na eletricidade, offshores, fuga aos impostos das
grandes empresas, etc.
Portanto, aplicando a mesma receita é que vamos lá… para o
fim do poço, cada vez mais fund