06/04/2013

Resposta passional do Governo ao chumbo do TC

Mário Russo
O Governo acaba de responder de forma passional às decisões do TC no que se refere ao chumbo a algumas das normas feridas do OE 2013.

A declaração do Governo, lida por Marques Guedes, é arrogante, infantil, precipitada e reveladora da competência deste Governo. De facto, numa situação destas não poderia ser o Governo a ameaçar que os mercados vão penalizar o país. Só incompetentes negociadores avisam os credores de como se comportar negativamente diante do devedor.

Um Governo com um Plano B, responsável, minimizaria os efeitos da decisão, faria o menor alarido possível e enviaria uma mensagem de tranquilidade ao mercado. Diria que o Governo avançaria com alternativas à situação, devidamente ponderadas diante da situação grave em que vivem os portugueses já sobrecarregados com impostos. Diria que a aplicação intransigente da receita de austeridade não está a funcionar e provavelmente seja a altura de estudar abertamente o alargamento do prazo para cumprimento do défice.

Ora o que se passou, aliás, desde a primeira hora, foi o contrário do que é recomendado. Emergiu a arrogância, ainda por cima desastrosa para a própria governação e para o país. Com efeito, as normas chumbadas retiram ao Governo receitas do brutal confisco fiscal incluído no OE, no entanto, injeta no mercado uma verba considerável que é consumo essencial à economia. Até porque a receita desastrosa de austeridade já mostrou o seu resultado explosivo. Só a ignorância ou a má-fé podem justificar insistir na fórmula errada.

Com efeito, o Governo anda a misturar café e leite à espera que dê vinho e insiste, na vã esperança de que um dia dê vinho. Não vai dar, como é óbvio.

Agora PPC vai a Belém fazer ameaças. Não sei o que Cavaco lhe aconselhará (talvez um banho de água gelada), mas paira no ar uma demissão do Governo como corolário da sua impreparação e imaturidade sobejamente comprovadas para governar este país.

O tabu PPC segue dentro de momentos.