![]() |
Mário Russo |
A declaração do Governo, lida por Marques Guedes, é
arrogante, infantil, precipitada e reveladora da competência deste Governo. De
facto, numa situação destas não poderia ser o Governo a ameaçar que os mercados
vão penalizar o país. Só incompetentes negociadores avisam os credores de como
se comportar negativamente diante do devedor.
Um Governo com um Plano B, responsável, minimizaria os
efeitos da decisão, faria o menor alarido possível e enviaria uma mensagem de
tranquilidade ao mercado. Diria que o Governo avançaria com alternativas à
situação, devidamente ponderadas diante da situação grave em que vivem os
portugueses já sobrecarregados com impostos. Diria que a aplicação
intransigente da receita de austeridade não está a funcionar e provavelmente
seja a altura de estudar abertamente o alargamento do prazo para cumprimento do
défice.
Ora o que se passou, aliás, desde a primeira hora, foi o
contrário do que é recomendado. Emergiu a arrogância, ainda por cima desastrosa
para a própria governação e para o país. Com efeito, as normas chumbadas
retiram ao Governo receitas do brutal confisco fiscal incluído no OE, no
entanto, injeta no mercado uma verba considerável que é consumo essencial à
economia. Até porque a receita desastrosa de austeridade já mostrou o seu resultado
explosivo. Só a ignorância ou a má-fé podem justificar insistir na fórmula
errada.
Com efeito, o Governo anda a misturar café e leite à espera que
dê vinho e insiste, na vã esperança de que um dia dê vinho. Não vai dar, como é
óbvio.
Agora PPC vai a Belém fazer ameaças. Não sei o que Cavaco
lhe aconselhará (talvez um banho de água gelada), mas paira no ar uma demissão
do Governo como corolário da sua impreparação e imaturidade sobejamente
comprovadas para governar este país.
O tabu PPC segue dentro de momentos.