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Miguel Mota |
Este ano de 2013 tem sido um ano
chuvoso o que tem algumas vantagens mas também alguns problemas. O
enriquecimento dos aquíferos e uma razoável distribuição das chuvas foram, duma
maneira geral, benéficos para a agricultura. O enchimento das barragens – que
estiveram algo desfalcadas nos últimos anos – é importante para o abastecimento
de água às populações, para os regadios e para a produção de electricidade
barata.
As cheias que ocorreram nalgumas
zonas causaram prejuízos embora, nalgumas áreas de várzea também tenham tido a
vantagem de depositar uma camada de bons elementos de solo, trazidos das zonas
mais altas. Nas terras mal drenadas causaram encharcamento dos solos,
geralmente prejudicial.
Ao longo de muitos anos e baseado
nos estudos do saudoso Eng.º Agrónomo Sardinha de Oliveira, tenho chamado a
atenção para a necessidade de drenar o solo, importante em toda a parte mas
particularmente importante no Alentejo.
O Eng.º Sardinha de Oliveira
mostrou que a produção cerealífera no Alentejo sofria mais nos anos muito
chuvosos do que nos anos de média ou até baixa pluviosidade. O problema é grave
nesta província porque aqui a primavera é geralmente muito curta e passa-se rapidamente
da estação fria e chuvosa para a estação quente e seca. Num solo mal drenado
os cereais sofrem uma asfixia nas
raízes, que as impede de crescer em profundidade e, quando vem o calor e a
seca, não conseguem defender-se e a produção é escassa. Se o inverno for pouco
chuvoso ou se o solo estiver bem drenado, de forma a fazer sair a água em
excesso, as raízes desenvolvem-se em profundidade, o que lhes permite
aproveitar a água que existe nessa parte do solo e defender-se muito melhor
quando chega o tempo quente e seco. Os estudos do Eng.º Sardinha de Oliveira
foram amplamente confirmados, ao logo de vários anos depois do seu falecimento,
como relatei em diferentes escritos.
Por estas razões, é importante
aplicar o sistema de drenagem mais apropriado para cada caso. Acredito que
quando o Alentejo drenar convenientemente as terras para não haver os casos –
que ainda são relativamente frequentes -
de searas em solos alagados, a média de produção de trigo subirá significativamente.
Quando se puder resolver um outro problema em que tenho insistido, de encontrar
melhores rotações de culturas – os meritórios estudos que existem são
insuficientes – talvez o Alentejo volte a ser o celeiro de Portugal.