Mário Russo |
Quem pavimentou a entrada triunfal de Sócrates foi Passos
Coelho e o seu fiel escudeiro Vítor Gaspar, que estão a escavar cada vez mais o
buraco onde enterrar o povo português.
De facto, Sócrates está a tentar capitalizar o ódio que se
abate sobre este Governo de incapazes que não conseguiram ainda perceber que a
receita é suicida e nem conseguem convencer os extremistas de Bruxelas que o
remédio é tóxico e perigoso.
Num quadro destes, Sócrates veio dizer o que todos querem
ouvir. Chega de austeridade. Mas isso não é nada que já não tenha sido dito por
investigadores reputados como Keneth Rougof, Paul Krugman ou Nouriel Roubini.
Estes sim, sabedores e sérios. Nesta altura é uma verdade de Lapalisse.
Sócrates foi hábil em desviar as atenções dos podres da sua
governação, manipulou os números das vergonhosas PPP e centrou-se em dois
aspetos essenciais para ele: (i) que Cavaco foi desleal e fez uma campanha
inqualificável com a célebre vergonha das escutas forjadas em Belém, e (ii) que
não foi ele que cá meteu a Troika, mas este governo, ao precipitar as eleições
quando tinha tudo acertado com Bruxelas e o BCE para o PEC IV, muito menos
gravoso que o plano da troika.
Depois centrou-se em bater no governo de PPC, que não tem
estratégia de comunicação. Disse que um governo que não dá esperanças ao seu
povo está condenado. E nisto ele tem
toda a razão.
O que vai acontecer daqui para a frente? Não sei, mas vai
baralhar o PS, o PSD, o CDS e confundir muita gente. Sobretudo, vai impulsionar
a crispação política. José Seguro vai querer mostrar que é duro e vai passar a
ser um radical inflamado.
Os seus comentários semanais serão um oráculo grego. Como é
um manipulador compulsivo, vai dar azo ao governo para se defender e mostrar
que os números que exibe são falsos ou manipulados, distraindo os portugueses.
Vai retirar palco a Seguro, um inseguro e tonto líder temporário do PS e
incomodar o PSD.
O palco da oposição estará semanalmente na RTP com José
Sócrates a amealhar o descontentamento, engrossado cada vez mais com a horda de
desiludidos e desesperados do crescente desemprego e miséria com que este
governo de pequeninos condena o país.
Os outros comentadores de plantão também podem endurecer os
seus comentários para não ficarem atrás ou passarão a atacar Sócrates e a desmenti-lo.
Vai ser do bom e do bonito, como diz o povo. Revela, por outro lado, porque é
que Portugal está onde está. Não tem líderes, mas capatazes.