13/03/2013

Manifesto pela reconstrução de um regime democrático

Mais um manifesto , este  defende a reconstrução do regime democrático. Li no DE e encolhi os ombros. Não deixo de concordar com muitas coisas lá escritas :

- Defesa da reconstrução de um regime democrático e o fim da concentração do poder político nos partidos. 
-O que está em causa já não é a opção pela democracia, mas torná-la efectiva e participada.  Não está em causa governar, mas corrigir um rumo que nos conduziu à actual crise e realizar as mudanças que isso implica.
-Já não está em causa aderir à Europa, mas participar no relançamento do projecto europeu.
 -Chamar a atenção para a tragédia social, económica e financeira a que vários governos conduziram o país ,  dificultando a participação democrática dos cidadãos e impedindo que o sistema político permita o aparecimento de verdadeiras alternativas.
-Ruptura que passa por três passos fundamentais, começando pelas leis eleitorais transparentes e democráticas que viabilizem eleições primárias abertas aos cidadãos na escolha dos candidatos a todos os cargos políticos.
-A abertura da possibilidade de apresentação de listas nominais, de cidadãos, em eleições para a Assembleia da República, tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias.
-A  necessidade fundamental da garantia de igualdade de condições no financiamento das campanhas eleitorais .
-Urgente reivindicar a democratização do sistema político com firmeza exigindo de todos os partidos a legislação necessária.

Essa do dar  conteúdo positivo à revolta e à crescente indignação dos portugueses demonstrada através das manifestações dos últimos meses,tem que se lhe diga!
 Não me parece que quem organizou essas manifestações aceite que venham à boleia do que aconteceu. O movimento Que se Lixe a Troika  está contra o governo e mas também contra  os partidos da oposição. As pessoas deste manifesto ,dão a entender  que querem  ir à boleia.

Entre os signatários do manifesto figuram os ex-ministros José Veiga Simão e Manuel Maria Carrilho, os ex-deputados socialistas Henrique Neto, Eurico Figueiredo e Edmundo Pedro, o advogado Rómulo Machado, o historiador e deputado do Parlamento Europeu Rui Tavares, o capitão de Abril Vasco Lourenço, o escritor e encenador Hélder Costa e o músico João Gil.

Bem , muitos deles têm culpas no estado a que isto chegou , foram ministros, deputados e outros com responsabilidades. É uma incongruência e a cara não diz com a careta!

Neste espaço há 7 anos temos alertado, chamado à atenção , eu , Mário Russo, outras pessoas , que é preciso uma verdadeira regeneração da democracia e que é premente mudar . Não somos políticos e passamos a anti-políticos , somos simplesmente pessoas , cidadãos preocupados com o rumo dos acontecimentos deste país, faz muito tempo.Eu sei que nunca tivemos a preocupação de elaborar grandes textos , mas sempre fizemos criticas , propostas e recomendações. Verdade que nunca fizemos um texto elaborado mas nunca foi o nosso fito. As ideias e sugestões estão neste espaço , basta consultar.

Este manifesto não traz nada de novo somente porque a comunicação social faz eco por ter pessoas conhecidas . Fala-se e depois cai no esquecimento.

Em 2011, Mário Soares fez também um manifesto  Um Novo Rumo,  faz referência aos obscuros jogos do capital podem fazer desaparecer a própria democracia,  alerta para a multidão de aflitos e de indignados que existe entre nós que espera por uma alternativa inovadora que só a esquerda democrática pode oferecer.

Recentemente também escreveu uma carta em que pede a Pedro Passos Coelho que se demita. Os subscritores desta carta , muitos deles são também do seu manifesto.

Mário Soares não foi primeiro-ministro? E não foi Presidente da República?

Eu penso que vivemos em democracia , houve eleições e  muitos dos que criticam agora votaram no PSD e CDS. Porém é preciso corrigir os seus erros e melhorá-la . A maneira mais evidente para mudar este estado de coisas será em próximas eleições não votar nos partidos do arco do poder e dar uma chance a outros partidos e personalidades. Ou quem está enfadado com tudo isto não ir votar. O voto em branco não tem representantes , o nulo não tem efeitos práticos. Se todos não votássemos a legitimidade sairia ferida de morte.
 
Esta crise actua como uma lupa em que mostra os defeitos da democracia que já existiam mas não se tinha a exacta percepção e se sentiam.

 A resposta a esta crise está entrelaçada : a resposta para a saída da crise está na política e nos políticos , mas por sua vez a política e os políticos estão em risco pelo descrédito e má imagem na opinião pública.

 A maioria dos cidadãos são a favor de mudanças: na Constituição ; nas instituições públicas; no modelo de Estado.

Vamos então reinventar a democracia e o funcionamento dos partidos , mas esse trabalho não se faz com manifestos ou cartas , faz-se com uma revolução pacífica de ideias , comportamentos e atitudes com muita persistência e denodo , todos os dias, com actos e não palavras.

E , desculpem-me , não pode ser feito por quem esteve em cargos de chefia tantos e tantos anos e agora limpa as mãos como Pilatos.

JJ