09/03/2013

HUGO CHÁVEZ


Daniel Braga
DESAPARECIDO O LÍDER, DESAPARECERÁ O CARIZ PROFUNDAMENTE IDEOLÓGICO E POPULISTA DO REGIME?

Morreu Chávez (uma personalidade, aliás, por quem não nutria nenhuma simpatia, embora lhe reconhecesse algum mérito) e com ele morre uma certa forma... truculenta de estar na política e de fazer política que conquistou algumas simpatias em alguns países da América Latina, nomeadamente no Peru, Equador e Colômbia e de uma maneira mais suave no Brasil e na Argentina. Com a sua bandeira e com o slogan populista de estar contra o "imperialismo" americano também conquistou votos de simpatia em Cuba, no Irão e até na Coreia do Norte. É verdade que Chávez sempre teve com a Europa mais um papel profilático e de encorajamento no reforço das relações (onde o caso de Portugal foi o mais paradigmático) mas isso não invalida que, embora no plano interno as coisas tenham corrido bastante bem no início, o seu papel foi sempre uma pedra no sapato das chamadas grandes economias mundiais, pois não nos esqueçamos que o Presidente desaparecido, nacionalizou quase tudo o que havia para nacionalizar, não temendo o poderio das grandes empresas, nomeadamente as poderosas empresas americanas. No plano interno, tudo se agudizou e por que se viu nas últimas eleições ainda ganhas por Chávez, a Venezuela está praticamente dividida ao meio, entre os seus apoiantes mais fiéis e a oposição venezuelana. Com o seu desaparecimento não sei se Nicolás Maduro - o seu sucessor - se aguentará e terá pulso para continuar a impor o chavismo sem Chávez. Porque embora haja uma Venezuela "nova " em muitos aspetos, ainda existe um lado negro de um País com uma grande percentagem da população muito empobrecida, a quem não foram dadas oportunidades nem soluções, sem perspetivas de um futuro melhor. Veremos se com o andar da carruagem, o chavismo não se tornará apenas uma ilusão e um mito, e Hugo Chávez não passará, de um dia para o outro, de lenda a vilão.