12/02/2013

Vaticano, S. A.?!

Mário de Oliveira

Conta secreta do IOR provoca o bloqueio de cartões


Uma conta secreta do IOR (Instituto para as Obras de Religião), num banco alemão, provoca o bloqueio de cartões no Vaticano. A conta, pela qual circularam, em apenas um ano, 40 milhões de euros, e cuja procedência está a ser investigada, levou o Banco da Itália a bloquear o uso de cartões de crédito no Vaticano.

O bloqueio do uso de cartões de crédito internacionais no Vaticano está em curso, desde o dia 1 de Janeiro 2013, e atinge 80 estabelecimentos comerciais dentro do pequeno estado (Museus, farmácias, supermercados, lojas de lembranças, etc.), cujas vendas têm diminuído e muito, já que só se pode pagar com moeda.

Segundo a Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Banco da Itália, todos os pagamentos feitos nos 80 pontos de vendas, confluem numa única conta aberta pelo IOR, conhecido como o Banco do Vaticano, numa agência do Deutsche Bank, alemão.

Sabe-se que o IOR nem sequer pediu autorização ao Banco da Itália para a instalação dos pontos de vendas (os dispositivos eletrónicos); e há já ano e meio, que um grupo de magistrados italianos, dirigidos pelo promotor adjunto Nello Rosi, informou essa anomalia ao Banco da Itália. Em Setembro de 2011, o IOR pediu, finalmente, essa autorização. O Banco da Itália ordenou uma inspecção e, nessa data, havia um saldo de quase 10 milhões de euros.

A documentação controlada mostrou que por essa conta circularam nos últimos 12 meses mais de 40 milhões de euros, dinheiro sobre o qual não se sabe praticamente nada. Diz quem sabe: “O problema é sempre o mesmo: não se conhece o titular efectivo do depósito e, sobretudo, quem tem poder para operar essa conta e por isso não se pode aplicar as normas contra a lavagem de dinheiro”.

De momento, desconhece-se o tempo que o bloqueio poderá durar para o uso de cartões electrónicos, que, segundo a imprensa italiana, não deverá ser curto. Podem ser usados apenas os cartões emitidos pelo IOR, utilizados pelo pessoal do Vaticano. Segundo informou há vários dias o porta-voz do Vaticano, o jesuíta Federico Lombardi, trata-se de um “problema técnico” e que se espera que a interrupção dos pagamentos com cartões de crédito seja breve.

Em 30 de Dezembro de 2010, Bento XVI aprovou uma lei para lutar contra a lavagem de dinheiro nas instituições financeiras do Vaticano, com o objectivo de entrar na chamada “lista branca” de Estados que respeitam as normas para a luta contra a lavagem de dinheiro.