O trabalho
dos políticos e a emigração
António Costa, numa manobra política executada recentemente,
decidiu refrear-se de concorrer ao lugar de Secretário Geral do PS, o que lhe
daria hipótese de concorrer a primeiro-ministro, mas deixou recados a António
José Seguro, para arrumar a suas ideias e deixar de ser evasivo, na forma como
faz oposição a este Governo.
O que António Costa omitiu foram os esqueletos guardados no
armário de cada ex-membro do Governo e que obriga o partido respectivo a estar
calado, quando se encontra na oposição.
Pedro Almeida |
A razão por que os Governos que tomam posse não denunciam
quase nada e não responsabilizam criminalmente os anteriores Governantes, é
porque esta é a vez deles de comerem o bolo, que são os Impostos dos
Portugueses.
Com a garantia de que, quando voltarem a ser oposição, não
serão eles assombrados, com ameaças de investigação às suas actividades passadas.
Entretanto, as gerações emigram. Não há razão para ficarem
zangados com PPC. Emigrar é uma coisa positiva. Aprende-se com os outros, seja
na Europa ou por esse Mundo fora.
Os Portugueses estão feridos pelo apelo do Primeiro-Ministro
à emigração, porque isso demonstrou ignorância e incompetência da parte dele,
em virar os números do desemprego.
A ira contra PPC, deve-se também ao facto de a emigração
estar tradicionalmente associada a vida de sacrificio, privações e tristeza.
Mas emigração não é assim, nestes dias.
Li no jornal The
Guardian de 30/01/13 duas entrevistas feitas a um arquitecto Irlandês,
Brendan Doris, 62 anos de idade, e a um Gestor de negócios e marketing do
Porto, Diogo Gomes. Faço aqui algumas transcrições dessas entrevistas:
A Irlanda não é estranha a grandes ondas emigratórias, mas
os números recentes mostram um recorde dos últimos 25 anos. 87 mil pessoas deixaram
o país no primeiro trimestre de 2012. É o quarto país com maior desemprego na
Europa, com 14,6%. Alguns comentadores dizem que a emigração salvou a Irlanda
de um colapso social económico ainda maior, chamando-lhe Válvula-de-segurança-social,
em que reduziu indirectamente o desemprego e a carga sobre os serviços sociais.
Economistas acreditam que isto evitou, também, distúrbios sociais como na Grécia.
Brendan Doris
mudou-se para os Emirados Árabes Unidos em Setembro de 2012 e diz “ficarei aqui
pelo menos 4 anos, se não mais. Sou arquitecto, trabalho por conta própria e não
tinha trabalho suficiente na Irlanda. Todos os meus clientes continuavam a
adiar os projectos- havia montes de potencial, mas eu não vivo de potencial.
Tem sido emocionalmente difícil. Todos os dias, passo uma hora e meia no Skype
com a família, ajudando com os trabalhos de casa e observando-os a jantar por
isso, somos uma família virtual. Em alguns aspectos, vemo-nos mais regularmente
do que quando vivíamos juntos”. E a entrevista prossegue...
Diogo Gomes, aderiu a um programa do Governo Português,
colocando estagiários recém-formados, em companhias Portuguesas à volta do
Mundo, oferecendo-lhe apoio financeiro. Três semanas antes de arrancar, foi
avisado de que iria para Moçambique, durante uns meses. Isto aconteceu faz dois
anos. Diogo diz “isto são maus tempos para se ser novo, português e se procurar
trabalho. A taxa de desemprego juvenil é de 39,1%. Um membro do Governo não
provocou escândalo ao mandar os desempregados, por Facebook, montar nas
bicicletas para procurar trabalho mas sim, causou escândalo e indignação,
quando os mandou emigrar”
Foi o que ele fez. “As melhores oportunidades, jazem fora do
país, para quem procura experiência depois de se formar”
“A situação em Portugal é muito delicada. No passado, nós
tivemos líderes muito improfissionais, que levaram o país a um enorme défice. A
economia imobilizada e as medidas de austeridade cortam a criação de trabalho.
Na realidade, considero-me cheio de sorte . A vida em Moçambique é muito
agradável, há muito que fazer também a’ noite. Portugal é o meu pais e é
fantástico para viver. Só damos o devido valor, quando estamos longe. No
entanto, estou muito feliz em Moçambique, e ir duas vezes por ano a Portugal é
o suficiente para ver amigos e família e para voltar as minhas raízes”.