O Governo impôs um Orçamento de Estado qualificado como
única alternativa para Portugal sair da crise. Ao constatar que as receitas
foram inferiores ao previsto acrescentou à austeridade anterior, mais
austeridade, com cortes de mais 4 mil milhões de euros.
Eu não tenho nenhum motivo para acreditar no profeta Gaspar,
pois como pitonisa ainda não acertou nenhuma das suas previsões de oráculo
grego. Este OE não será concretizável e basta analisar algumas das suas
“mentiras”, como o aumento do IVA em relação ao ano anterior, porque este é um
imposto de consumo e ao retirar a massa monetária que retira/confisca, não pode
esperar aumento, nem manutenção do mesmo nível do ano anterior.
Também não vai diminuir o défice, porque para além de ter
menos receitas, vai ter mais despesa com as prestações sociais com o aumento do
desemprego que ultrapassará os 18%.
Ora aqui começa a minha crónica do futuro. Também tenho
direito de fazer as minhas previsões, sem bola de cristal, mas apenas a do sentimento
do homem da rua ante as evidências tão claras das consequências das medidas
deste Governo Autista.
No próximo ano estaremos todos mais pobres. As autoestradas
que deliciaram as clientelas políticas por 2 décadas estarão confinadas a
metade delas, pois a maioria não terá tráfego que pague as despesas e por isso
as empresas vão à falência. Nas que não forem à falência, assistiremos a áreas
de serviço falidas e fechadas.
Nas grandes superfícies comerciais acentuar-se-á o número de
lojas fechadas. Corredores e corredores com cartazes a tapar a montra com
publicidade de abre brevemente uma nova loja, mas ninguém vaticina uma data.
Nas ruas dos centros históricos e comerciais das nossas cidades o mesmo
espetáculo.
O número de desempregados vai aumentar e a imigração será um
caminho para cada vez mais portugueses. As Escolas não terão verbas para se
manterem minimamente. Faltará coisas tão simples como papel higiénico.
Mais crianças chegarão às escolas com fome e estas não
responderão às solicitações, para desespero dos professores que ainda estiverem
a trabalhar. As autarquias estão falidas e de pouco valem à situação.
O estado de desânimo contagia mais que o de euforia, e assim
se vai cavando mais fundo a desintegração do país, ante a insensibilidade olímpica
do profeta Gaspar e a anuência do discípulo Passos Coelho. Muitas pessoas vão
desistindo de lutar, conformando-se com a miséria e a esmola daqueles que ainda
vão podendo qualquer coisa.
A revolta da fome alastrar-se-á e redundará em violência
contra a situação, levando os governantes a esconderem-se ainda mais,
aprisionados nas suas fortalezas.
A espiral de empobrecimento acelera-se a cada medida tomada,
pois ao constatar uma vez mais a evidência do aumento de défice, o profeta
Gaspar vai arranjar mais onde cortar, mas já estará a cortar a vida de muitos
portugueses.
O poder vai cair na rua e o PR, que se tem mantido num NIM,
não tem outra alternativa senão demitir o governo e convocar novas eleições,
que o PS, sem saber como, as ganhará, mesmo não merecendo a confiança dos
portugueses, que uma vez mais serão enganados pelo discurso populista de
Seguro, que fará o contrário do que anda a prometer, como fez Sócrates e Passos
Coelho.
É exagero? Muito desejo que seja, mas estaremos daqui a um
ano para ver se é.![]() |
Mário Russo |