19/11/2012

Portugal : Crónica do futuro

O Governo impôs um Orçamento de Estado qualificado como única alternativa para Portugal sair da crise. Ao constatar que as receitas foram inferiores ao previsto acrescentou à austeridade anterior, mais austeridade, com cortes de mais 4 mil milhões de euros.

Eu não tenho nenhum motivo para acreditar no profeta Gaspar, pois como pitonisa ainda não acertou nenhuma das suas previsões de oráculo grego. Este OE não será concretizável e basta analisar algumas das suas “mentiras”, como o aumento do IVA em relação ao ano anterior, porque este é um imposto de consumo e ao retirar a massa monetária que retira/confisca, não pode esperar aumento, nem manutenção do mesmo nível do ano anterior.
Também não vai diminuir o défice, porque para além de ter menos receitas, vai ter mais despesa com as prestações sociais com o aumento do desemprego que ultrapassará os 18%.

Ora aqui começa a minha crónica do futuro. Também tenho direito de fazer as minhas previsões, sem bola de cristal, mas apenas a do sentimento do homem da rua ante as evidências tão claras das consequências das medidas deste Governo Autista.
No próximo ano estaremos todos mais pobres. As autoestradas que deliciaram as clientelas políticas por 2 décadas estarão confinadas a metade delas, pois a maioria não terá tráfego que pague as despesas e por isso as empresas vão à falência. Nas que não forem à falência, assistiremos a áreas de serviço falidas e fechadas.

Nas grandes superfícies comerciais acentuar-se-á o número de lojas fechadas. Corredores e corredores com cartazes a tapar a montra com publicidade de abre brevemente uma nova loja, mas ninguém vaticina uma data. Nas ruas dos centros históricos e comerciais das nossas cidades o mesmo espetáculo.
O número de desempregados vai aumentar e a imigração será um caminho para cada vez mais portugueses. As Escolas não terão verbas para se manterem minimamente. Faltará coisas tão simples como papel higiénico.

Mais crianças chegarão às escolas com fome e estas não responderão às solicitações, para desespero dos professores que ainda estiverem a trabalhar. As autarquias estão falidas e de pouco valem à situação.
O estado de desânimo contagia mais que o de euforia, e assim se vai cavando mais fundo a desintegração do país, ante a insensibilidade olímpica do profeta Gaspar e a anuência do discípulo Passos Coelho. Muitas pessoas vão desistindo de lutar, conformando-se com a miséria e a esmola daqueles que ainda vão podendo qualquer coisa.

A revolta da fome alastrar-se-á e redundará em violência contra a situação, levando os governantes a esconderem-se ainda mais, aprisionados nas suas fortalezas.
A espiral de empobrecimento acelera-se a cada medida tomada, pois ao constatar uma vez mais a evidência do aumento de défice, o profeta Gaspar vai arranjar mais onde cortar, mas já estará a cortar a vida de muitos portugueses.

O poder vai cair na rua e o PR, que se tem mantido num NIM, não tem outra alternativa senão demitir o governo e convocar novas eleições, que o PS, sem saber como, as ganhará, mesmo não merecendo a confiança dos portugueses, que uma vez mais serão enganados pelo discurso populista de Seguro, que fará o contrário do que anda a prometer, como fez Sócrates e Passos Coelho.
É exagero? Muito desejo que seja, mas estaremos daqui a um ano para ver se é.
Mário Russo