29/11/2012

Orçamento de Estado 2013: um cardápio de maldades

A aprovação do OE 2013 já era esperada e só veio revelar que há um chefe poderoso autista que impõe a sua vontade e crença fanática na austeridade como o caminho da redenção.
Passos Coelho insiste em misturar café e leite para dar vinho. Apesar de já ter visto que dá café com leite, ele insiste. Nem as reiteradas opiniões de ilustres competentes economistas independentes, como Nouriel Roubini ou Paul Krougman, este Nobel da economia, para além de insuspeitos portugueses e europeus, faz com que haja um mínimo de humildade democrática e científica que faça PPC tomar outro rumo ou pelo menos demonstrar aos seus pares na UE que o caminho traçado está provado ser um erro.

Se dúvidas houvesse sobre o pensamento de PPC e do seu ideólogo e guru, elas se desfizeram na entrevista dada à TVI. O objetivo é a destruição pura e simples das funções do Estado. Não é minimizar a sua missão, mas sim destruir, dando ao mercado todo o poder de regular e fazer emergir os mais poderosos e capazes.
Os frágeis serão esquecidos como descartáveis da sociedade. É uma ideologia. Num Estado minimalista não há necessidade de orçamentos para despesas sociais e como tal os impostos podem diminuir, enchendo os cofres dos grandes conglomerados económicos que entretanto tomaram conta das empresas portuguesas vendidas criminosamente por tuta e meia. Mas tem mais. Com a situação tão deteriorada, os portugueses vão aceitar salários tipo China por falta de alternativas. 

Quem ganhava 2 mil vai aceitar ganhar mil porque haverá uma legião de candidatos desesperados que aceitarão. Mais e maiores serão os lucros desses ricos.
Se fosse na Islândia, tanto Gaspar como Passos Coelho teriam de responder pelos seus atos criminosos, tal como Sócrates já estaria onde está o PM da Islândia, condenado à prisão pelos seus atos. Mas estamos em Portugal e nada acontece, a não ser os constantes dislates e confiscos duma perseguição fiscal sem par, sem regras e sem sensibilidade.
Os portugueses ainda não se deram conta das maldades do orçamento. Hoje são perspetivas de uma situação má, mas amanhã serão euros a menos e o desespero de milhares de famílias.

A minha vã compreensão do mundo não consegue entender como é que se insiste por um caminho que demonstrou dar à morte inequívoca, sem tentar outro, mesmo que seja desconhecido, mas que pode não ser a morte. Podemos perguntar se continuando assim não sairemos do buraco. Claro que sairemos, depois de muitos mortos numa guerra insana, sobre os escombros de um país derrotado e destruído, qualquer coisa que venha a seguir vai parecer um avanço. O que se deve perguntar é se não haverá culpados pela destruição? E eles estão à vista.

O que PPC e Gaspar têm contra um ajuste do défice à taxa 0,5% ao ano, de modo a deixar margem ao crescimento económico?  Será só impreparação para mostrar aos senhores da UE e FMI que a receita não resolve verdadeiramente o problema europeu e de Portugal ou algo mais?
A história do bom aluno está patente com o que a Grécia conseguiu marimbando-se para o aluno babaca. E se Portugal beneficiar da redução das despesas com juros é por obra e graça da Grécia e não da ação dos algozes que nos governam. Isto serviria de lição a qualquer pessoa inteligente, não para as bandas governamentais.
Não dou mais que meados do próximo ano para grandes e graves consequências desta política incendiária perpetrada pelos dois senhores de plantão que (des)governam este país.

Mário Russo
A nossa salvação agora e definitivamente, só poderá estar na UE, na sequência do progressivo descalabro da economia europeia, inclusive da Alemanha e que faça os gurus de Bruxelas recuar. Esperar qualquer gesto deste governo é pura perda de tempo.