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| Pedro Trindade* |
Deixem-me já dizer que sempre tive curiosidade em ir a uma manifestação, nunca tinha tido razões para tal. Hoje ultrapassei a curiosidade juntei-me aos meus sócios, e senti-me no direito de ir.
Diga-se desde já que o convite partiu de uma associação do Porto.
Independente da quantidade de "manifestantes" que lá se encontravam, e que a nosso ver era pouca, todos nos deslocamos ao lugar combinado com um objectivo comum, reclamar o aumento do valor do IVA, Reclamar.
E reclamou-se, reclamou-se com o aumento e não só.
A reclamação tornou-se particular, mesquinha, política, e ofensiva.
Começou-se por dizer que os hoteleiros do Porto não estavam lá, por isso compreenderam que isto não os afecta.
Compreender é diferente de deduzir, e deduzir pode não ter qualquer verdade, isso sim é uma questão particular.
Estavam pessoas de Vila Real, Guarda, Braga, São Mamede, Ermesinde, Guimarães, Régua, Matosinhos, Gaia e Viana do Castelo, mas não do Porto, deduziu. Errado.
Estavam pessoas do Porto, nascidas e criadas a escassos metros do lugar marcado para a "manifestação", Afirmo.
Estes senhores que são representativos dos empresários de hotelaria, deduzo, tornaram uma "manifestação", com carácter de união, numa manifestação política, de critica às associações, do tipo português, ou do português típico, "a minha associação é melhor que a tua", Afirmo.
Dizer que os políticos não têm culpa, sejam eles de que partido forem, nas leis que redigem e aprovam, é no mínimo, mas no mínimo dos mínimos caricato.
Afirmar, e não deduzir, que as associações sejam elas de que quadrante político forem são quem têm culpa na subida do IVA, porque são mal representadas, é no mínimo, mas no mínimo dos mínimos, falta de respeito.
Há neste país associações com muito valor, sem interesse político, sem interesse de diferenciação de cor ou raça ou de apontar o valor que uma cidade tem em relação a outras, que lutam pelo interesse de todos, pela união, e pelo amor a uma causa.
Já não posso dizer o mesmo de todas as fundações.
Hoje não se fez o que muitas associações fazem, fizeram e vão continuar a fazer.
Com muita pena nossa, cansados do cumprimento do nosso dever, trabalho, e indignados pelo discurso, viemos embora.
A manifestação continuou, e acredito que nada mais se tenha acrescentado de interesse apenas se continuando a dizer: "o IVA é como o sal, em excesso só faz mal", deduzo.
