24/09/2012

INQUIETO-ME…

Inquieto-me perante o rumo e o desnorte a que conduziram o País, sem vislumbrar soluções que aquietem um povo sofrido por demasiadas provações de um tempo de negrume sem fim. Por culpas de outros que, por incompetência ou incapacidade, não souberam conduzir uma Nação, toda ela ilustrada de exemplos heróicos ao longo da sua História, por um caminho de prosperidade, de desenvolvimento e de verdade. 

Dividimos o Mundo em dois no tempo dos Reis Católicos, demos mundos ao Mundo e por isso fomos admirados e respeitados, temos uma língua que é a quinta ou sexta mais falada, construímos com as antigas colónias, hoje Países independentes, autênticos laços de fraternidade e de cooperação estratégica, fomos um povo de emigrantes que nos países que os acolheram deram exemplos fantásticos de saber estar nas atitudes e nos comportamentos e de empenho no trabalho, temos uma geração, considerada das mais qualificadas de sempre, temos gente criativa que ganha prémios nas mais variadas áreas lá fora, temos excelentes profissionais na área do ensino, da saúde, do mundo empresarial. 

Temos uma Fundação Gulbenkian e uma Fundação Champalimaud, entre outras, exemplos eméritos do que é estar ao serviço do País. Temos acima de tudo, gente de querer, gente que quer engrandecer e servir o País, dando o seu melhor. No entanto o panorama é bem diferente e desolador, com uma elevada taxa de desemprego, com falências em catadupa, com faltas de perspectiva de vida incrivelmente preocupantes e onde a teoria eminentemente economicista se sobrepõe aos valores éticos da solidariedade humana. Um País em que o povo continua amarfanhado no seu direito de existir condignamente e onde uns tanto possuem e outros continuam envergonhadamente e tentar esconder a miséria humana a que os conduziram, como que pedindo desculpa por a tanto terem chegado. 

Portugal chegou a um beco onde a única saída só poderá ser a de dizer UM BASTA! Porque a asfixia e o garrote a que o sujeitaram se tornou insuportável e de consequências imprevisíveis. Porque a condição humana tem um limite que não deverá ser ultrapassado para bem de uma sociedade que se quer livre e democrática, onde todos devem ter oportunidades iguais de acesso ao ensino, cultura, saúde e emprego. Uma sociedade sem ideais é uma sociedade de vazios instalados, onde o livre arbítrio impera e onde acima de tudo, se não respeitam os princípios e valores democráticos, pilares fulcrais para o desenvolvimento e crescimento de um País que se quer de cara levantada e pronto para aceitar os desafios da contemporaneidade.

Daniel Braga