20/09/2012

Desnorte total nas hostes Governamentais ou pura incompetência?



A decisão do Governo sobre o aumento da TSU para trabalhadores e diminuição para os empregadores foi mote para Pedro Passos Coelho (PPC)  ir à RTP dar explicações, já que o seu ministro das Finanças apenas a divulgou.
Mas a montanha pariu um rato, pois não foram bem recebidas por ninguém. Transformou-se num rastilho que está prestes a incendiar o país.
Não é apenas um defeito de comunicação deste governo. Revela algo mais que já não é novidade e que se traduz numa total incapacidade de mobilizar os portugueses para tempos difíceis que vivemos.

A entrevista está cheia de contradições e equívocos. Senão vejamos:
Se o país precisa de arrecadar mais receita tendo em conta o chumbo do TC, o sacrifício deve ser repartido pelos portugueses e não apenas pelos mesmos de sempre. Mas pior é ter sido oferecido aos empregadores o que foi retirado aos trabalhadores. Ora como explicar isso?
A ideia de que as empresas vão criar mais emprego ou que não haverá destruição de mais emprego é uma ideia peregrina que invadiu as cabeças pensantes deste governo, cujo ministro das finanças veio dar uma explicação esdrúxula sobre a teoria dos modelos de previsão usados. Disse ele que agora deixou o modelo matemático e utiliza um modelo empírico. Só que ele se soubesse algo de modelos saberia que o empírico também é matemático alicerçado em resultados experimentais.

E aí começa outra contradição porque não ouviu a voz da experiência. Os empregadores de todos os quadrantes e pesos disseram que era uma medida contraproducente, porque ao retirar dinheiro dos trabalhadores é o mesmo que retirar das empresas, que terão menos receitas e daí menos possibilidades de manter a atual carga laboral. Por outro lado, as arrecadações fiscais do governo caem, logo aumentando o défice na arrecadação, ou seja, um desastre atrás do outro.
Se pretende que não haja quebra do consumo para não prejudicar as empresas nem a arrecadação de impostos, deveria manter a taxa da TSU para as empresas e a ter de aumentar para cobrir o chumbo do TC, seria a diferença que afinal é a necessária (7% - 5.5%). Matematicamente é o mesmo.

A princípio dei um voto de confiança a PPC, mas volvido um ano, constato que foi um erro de casting. Não só PPC, que afinal é demasiado frívolo, bem como os seus emblemáticos ministros, verdadeiros embustes. Não têm experiência empresarial, nem estatura e dimensão política. Não passam de contabilistas técnicos, eventualmente úteis como assessores.
Portugal precisa de equilibrar as suas contas e não pode gastar mais que o que arrecada. É verdade. Mas essa meta deve ser alcançada como consequência das medidas de racionalização da organização do país. A reorganização administrativa com fusões de cidades e redefinição das Juntas de Freguesia. Com a eliminação dos organismos inócuos e redundantes. Fim de fundações e outras sanguessugas do OE. Reorganização e redefinição das missões do Estado. Fim da impunidade na Justiça, verdadeiro cancro que corrói o aparelho de Estado.

Para isso é preciso tempo e se PPC quisesse mostra que é competente, teria de demonstrar aos credores que este era o caminho e não ser um amanuense a cumprir as ordens de um qualquer capataz. E jamais teria a estapafúrdia ideia de tirar aos trabalhadores para dar aos empregadores, seja em que situação for.

Mário Russo