Teve uma ascensão meteórica devido à ousadia de pisar palcos antes exclusivos dos partidos tradicionais e por trazer uma mensagem com roupagem jovem e sem o mofo dos discursos conhecidos. Por outro lado, o discurso do seu carismático líder, Francisco Louçã, que dizia aos políticos o que muita gente gostaria de dizer, trouxe ar fresco à política nacional.
Mas, como tudo na vida, e sobretudo nas organizações, há um momento em que ou crescem ou tendem a definhar e mesmo a morrer.
Enquanto foi partido do oposição e contestação, em que o
poder não era, e parece não ser, objetivo, o partido foi galgando posições no
espectro político até ao momento em que começou a perder terreno, cuja
tendência se tem vindo a acentuar e sugere ter vindo para ficar.
Não basta dizer mal dos outros partidos. Não basta afirmar-se contra as políticas desenhadas. É preciso credibilidade nas propostas e não como tem sido apanágio do BE, fazer propostas irrealistas, de um modo geral, com raras e louváveis exceções, porque não se sentindo partido de PODER, faz propostas faraónicas e utópicas.
Quem não gostaria que todos os trabalhadores portugueses fossem
felizes e ganhassem muito dinheiro, com todo o tipo de subsídios? A questão é quem
paga esta farra? A receita do BE não convence ninguém, porque não é suficiente
taxar as mais-valias bolsistas ou mesmo os lucros dos bancos (posições que o BE
tem razão), porque a despesa é enorme e precisa da cooperação de todos.
O BE advoga o laxismo no trabalho. Acha que o trabalho é desonroso para quem o faz e por isso é contra a inserção dos beneficiários dos rendimentos mínimos e quejandos em trabalhos à sociedade. Com estas posições não tem credibilidade junto da maioria, que começa a fugir, designadamente os jovens, a quem se destinava o discurso original e hoje não têm lugar no mercado de trabalho.
Hoje o discurso do BE é o requentado discurso passadista do
Partido Comunista. Ambos acham que os trabalhadores só têm direitos. Não têm
deveres nenhuns. Até aos trabalhadores não convence.
Para piorar o cenário, a polémica, ou talvez não, substituição do líder carismático, mas cansado, Francisco Louçã (FL), por um duo não lembra ao “capeta”, como dizem os brasileiros. FL quis liderar sozinho, mas na hora de se despedir indica, como rei dinástico, dois sucessores, para que nenhum tenha liderança. Patético é ver dirigentes ou destacados membros do BE, como carneiros, defenderem a solução, que os levará ao seu predestinado fim.
Em vez de ressurgirem com novas e reais ambições do poder,
para crescer junto do eleitorado, faz o haraquíri. Adeus Bloco de Esquerda.
Mário Russo
*novo AO