Desde sempre que existe quase que um pacto entre a igreja e a política,
para que uma não interfira com a outra.
Nunca estive totalmente de acordo com essa forma de estar, sobretudo no que
toca ao papel que a igreja deve ter na defesa dos cidadãos sejam eles de que
religião forem, na medida em que acredito que todos somos filhos de um só
Deus.
É evidente que a igreja não deve influenciar e muito menos pressionar quem
quer que seja na escolha do regime ou partido a escolher..., mas estar atenta ao
que se passa e ás más condutas políticas que levarão ao desrespeito e que
prejudiquem os cidadãos, aí a igreja, quanto a mim, tem a grande oportunidade de
ser útil com a sua voz, denunciando os erros e defender sem medos os cidadãos
particularmente os mais desfavorecidos.
Vem tudo isto a propósito do discurso de D. Januário.
As palavras dirigidas à justiça, são bem "abençoadas", e louvo-lhe a
coragem que teve de dizer na cara de quem tem que as ouvir..., pena que não
tenham sido ditas muito mais cedo, pois a justiça neste país só tem um olho e só
vê para um lado.., mas mesmo assim são bem vindas.
Agora o que eu não entendo, é como D. Januário que assistiu como todos nós á
situação desastrosa a que o País estava a ser conscientemente e criminosamente
levado por uma trupe conduzida por um personagem que devia ser julgado e que se
pôs ao fresco para que ninguém lhe peça contas; que a maioria das situações
terríveis que estamos passando (e que vão piorar...), são fruto dessa criminosa
conduta, não se ter indignado e muito menos com esta agressividade..., vir agora
dizer a VERDADE que segundo um representante da igreja é o papel dela, é na
verdade muito intrigante!!
Não é que as palavras e as acusações que foram ditas, não sejam merecidas a
quem foram dirigidas, não..., todas são poucas e o felicito pela coragem que
teve.
Agora, ter estado calado durante toda a caminhada que o País levava, acusar
a justiça da sua falta de independência, e não ter usado a tal VERDADE, nessa
altura, vir agora "armado" de toda esta autoridade e revolta, sinceramente que
não entendo e sujeita-se a muitas interpretações...!
Com certeza que o País lhe teria ficado grato, se tivesse agido na altura em
que até poderia evitar que algumas coisas tivessem sido evitadas.Agora...,
sinceramente, no que me diz respeito, deixa-me uma sensação muito estranha e
intrigante, parecendo até uma forma de "pagamento".
E com eu também tenho direito à minha verdade...!
Hercília Oliveira