Maria Filomena Mónica (Terreiro do Paço – TVI 24), mulher que muito admiro, afirmou algo que corroboro: "Nascemos pobres, continuamos pobres e por isso não somos livres."
No que concerne a este ponto, não podia deixar de citar Jurgen Habermas que no seu mais recente livro «Um Ensaio sobre a constituição da Europa» desabafa: “A minha maior preocupação é a injustiça social, que brada aos céus, e que consiste no facto de os custos socializados do falhanço do sistema atingirem com maior dureza os grupos sociais mais vulneráveis."- Joaquim Jorge considera que "A política vive o fatalismo da herança recebida."
- No que concerne ao tópico 2, parece-me que vale a pena citar Adriano Moreira (A Circunstância do Estado exíguo): " “A deriva para o estado exíguo acentua-se, o pessimismo é uma variável dominante da cortina informativa, a relação do povo co...m os aparelhos do poder tende para a displicência, a crescente multiplicidade étnica, dependente de uma teologia de mercado sem regulação, contribui para questionar a erosão da identidade nacional.
- Joaquim Jorge: "A política actual nega-se a ver a realidade cara a cara."
- Tendo em atenção este considerando, parece-me oportuno trazer a debate Daniel Innerarity (O futuro e os seus inimigos: uma defesa da esperança política): “Hoj...e, parece que com a absolutização do tempo presente pomos as gerações futuras a trabalhar involuntariamente me nosso benefício. Estamos a ser os «ocupas» do futuro. (...)Esta negação da realidade, deve ser substituída por uma ética do futuro.
4 - Joaquim Jorge: "Ser insaciável é uma maldição que se repete todos os dias." - Atentemos na observação de GILLES LIPOVETSKY e JEAN SERROY, no livro «A Cultura-Mundo: Resposta a uma sociedade desorientada»: "“Cultura – mundo significa fi...m da heterogeneidade tradicional da esfera cultural e universalização da cultura mercantil. Designa a espiral da diversificação das experiências consumistas e, ao mesmo tempo, uma quotidianidade marcada por um consumo cada vez mais cosmopolita. Eis-nos condenados a uma desorientação inédita, excepcional, mas planetária. É possível que amanhã seja pior do que hoje. O nevoeiro substitui a certeza dogmática das grandes ideologias da História”..
Tinha também duas pequenas provocações:
1. Adriano Moreira – A Circunstância do Estado exíguo – Terá Bordalo Pinheiro conseguido captar a realidade da ralação do povo com o poder, ao criar a figura do Zé Povinho? Terá conseguido captar, no.gesto do boneco, o tratamento na terceira pessoa (eles) com que o eleitorado se refere aos representantes.
2. Hannah Arendt – Verdade e Política – “Nunca ninguém teve dúvidas que a verdade e a política estão em bastante más relações, e ninguém, tanto quanto saiba, contou alguma vez a boa-fé no número das virtudes políticas. As mentiras foram sempre consideradas como instrumentos necessários e legítimos, não apenas na profissão de político ou demagogo, mas também na de homem de estado.”
José Carreira
Aqui fica o que equacionei para poder de algum modo lançar um possível debate, ainda que num contexto diferente, ou seja, online.