09/06/2012

FNAC / VISEU


  •  Tendo em linha de conta o tempo de que dispunha e não querendo, obviamente, gastar o tempo que poderia fazer falta ao autor, não expus todas as linhas orientadoras que tinha gizado para a minha intervenção.
    Aqui fica o que equacionei para poder de algum modo lançar um possível debate, ainda que num contexto diferente, ou seja, online.

     Joaquim Jorge considera que "Hoje em dia, depois do 25 de abril, os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos." 


  • Maria Filomena Mónica (Terreiro do Paço – TVI 24), mulher que muito admiro, afirmou algo que corroboro: "Nascemos pobres, continuamos pobres e por isso não somos livres."

     No que concerne a este ponto, não podia deixar de citar Jurgen Habermas que no seu mais recente livro «Um Ensaio sobre a constituição da Europa» desabafa: “A minha maior preocupação é a injustiça social, que brada aos céus, e que consiste no facto de os custos socializados do falhanço do sistema atingirem com maior dureza os grupos sociais mais vulneráveis."


  •  Habermas aborda alguns conceitos que devem ser alvo de reflexão: DESTINO PUNITIVO / ESCÂNDALO POLÍTICO / DARWINISMO SOCIAL / POSSIBILIDADE REAL DO FRACASSO EUROPEU.

  •  Joaquim Jorge considera que "A política vive o fatalismo da herança recebida."
  • No que concerne ao tópico 2, parece-me que vale a pena citar Adriano Moreira (A Circunstância do Estado exíguo): " “A deriva para o estado exíguo acentua-se, o pessimismo é uma variável dominante da cortina informativa, a relação do povo co...m os aparelhos do poder tende para a displicência, a crescente multiplicidade étnica, dependente de uma teologia de mercado sem regulação, contribui para questionar a erosão da identidade nacional. 
  •  Joaquim Jorge: "A política actual nega-se a ver a realidade cara a cara." 
  • Tendo em atenção este considerando, parece-me oportuno trazer a debate Daniel Innerarity (O futuro e os seus inimigos: uma defesa da esperança política): “Hoj...e, parece que com a absolutização do tempo presente pomos as gerações futuras a trabalhar involuntariamente me nosso benefício. Estamos a ser os «ocupas» do futuro. (...)Esta negação da realidade, deve ser substituída por uma ética do futuro.
     ‎4 - Joaquim Jorge: "Ser insaciável é uma maldição que se repete todos os dias." 
  • Atentemos na observação de GILLES LIPOVETSKY e JEAN SERROY, no livro «A Cultura-Mundo: Resposta a uma sociedade desorientada»: "“Cultura – mundo significa fi...m da heterogeneidade tradicional da esfera cultural e universalização da cultura mercantil. Designa a espiral da diversificação das experiências consumistas e, ao mesmo tempo, uma quotidianidade marcada por um consumo cada vez mais cosmopolita. Eis-nos condenados a uma desorientação inédita, excepcional, mas planetária. É possível que amanhã seja pior do que hoje. O nevoeiro substitui a certeza dogmática das grandes ideologias da História”..


  •  Tinha também duas pequenas provocações:


    1. Adriano Moreira – A Circunstância do Estado exíguo – Terá Bordalo Pinheiro conseguido captar a realidade da ralação do povo com o poder, ao criar a figura do Zé Povinho? Terá conseguido captar, no.gesto do boneco, o tratamento na terceira pessoa (eles) com que o eleitorado se refere aos representantes.
     2. Hannah Arendt – Verdade e Política – “Nunca ninguém teve dúvidas que a verdade e a política estão em bastante más relações, e ninguém, tanto quanto saiba, contou alguma vez a boa-fé no número das virtudes políticas. As mentiras foram sempre consideradas como instrumentos necessários e legítimos, não apenas na profissão de político ou demagogo, mas também na de homem de estado.”


    José Carreira