13/05/2012

Videiras resistentes ao míldio e ao oídio


Creio que as principais doenças da videira continuam a ser o míldio e o oídio.Esses dois fungos foram introduzidos na Europa nos meados do século XIX, vindos da América e causaram verdadeiros desastres nos países europeus onde a cultura da vinha era importante. Encontrou-se forma de os combater e passou a ser possível produzir bem as uvas mas com o encargo de várias aplicações de fungicidas e com os consequentes prejuízos para o ambiente. Tal como com outras doenças das plantas, o melhor "combate" é a utilização de variedades geneticamente resistentes a essas doenças.


Nas publicações do INRA (o Instituto Nacional de Investigação Agronómica, da França) que já referi em artigo anterior, refere-se que o Instituto já tem em fase avançada e com bons resultados a criação de videiras resistentes ao míldio e ao oídio,
obtidas por cruzamentos com diversas espécies de videiras. Logo que se confirmem os bons resultados já conseguidos e se faça a necessária multiplicação, o INRA espera lançar na lavoura e incluir no Catálogo de Variedades essas videiras.
Não posso deixar de lembrar que, há já umas boas décadas, o saudoso Professor do Instituto Superior de Agronomia Engenheiro Miguel Pereira Coutinho tinha trabalhos sobre videiras resistentes ao míldio que, embora em fase inicial, se mostravam promissores. Se tais trabalhos tivessem sido continuados - e também extensivos ao oídio - talvez Portugal já tivesse hoje videiras de qualidade e com essas resistências.


O que isso representaria para a nossa agricultura seria uma grande economia na aquisição e aplicação dos pesticidas e uma boa contribuição para o ambiente. Do muito que se pode fazer na criação de novas e melhores variedades de videira, o único caso de grande êxito de que tenho conhecimento foi a obtenção da uva 'D.Maria', resultado de cruzamentos e selecção, trabalho do também infelizmente já falecido Engenheiro José Leão Ferreira de Almeida.
Termino com a mesma frase do artigo anterior: Como eu gostaria que os governantes portugueses fossem capazes de aprender estas lições!


Miguel Mota