23/04/2012

Pimenta nos olhos dos outros é refresco

A Diretora do FMI, a francesa Lagarde, ex-ministra das finanças de Sarkozy, disse numa conferência de imprensa em Washington "Não vejo razão alguma para quaisquer mudanças ao programa português", quando questionada sobre a possibilidade de ajustamentos ao programa. E disse mais: "O programa decorre conforme negociado, mas o programa é deles. Nós conduzimos avaliações regulares".
 Christine Lagarde afirmou que o programa "pertence ao país e tem beneficiado de apoio político, tendo neste aspeto o Governo e oposição feito um trabalho fantástico, porque se juntaram em torno do cumprimento”.
No entanto, já disse que a austeridade que a Comissão Europeia está a impor na Europa pode causar danos à economia da zona euro e deveria ser avaliado um prazo maior para esse ajustamento, a pensar na sua França natal, que provavelmente entrará também num ciclo de maior aperto para equilibrar as contas. Basta assistir-se à campanha eleitoral que emerge este cenário.
Para a França, um prazo alargado é bom, mas para os outros, é um bom remédio. “Estamos feitos ao bife”, como soe dizer-se.
A despesa com subsídios de desemprego e de apoio ao emprego cresceu 22,6% - 120 milhões de euros – só no primeiro trimestre deste ano, contribuindo para um agravamento do saldo da Segurança Social. E a tendência é aumentar ainda mais.
O que o governo precisa mais de saber para tirar ilações da péssima estratégia que adotou para resolver o défice das contas públicas e que afunda a cada dia a economia portuguesa com as medidas tão austeras e tão elogiadas lá fora?
Para que servem remédios que curam a doença matando o paciente?

Mário Russo 


*novo AO