15/04/2012

“OS NOVOS DONOS… DA QUINTA”

1.Indica-nos a experiência de que, quando compramos um bem móvel ou imóvel, há uma tendência natural para fazermos alterações a nosso gosto para melhorar, aperfeiçoar ou até cortar que julgamos ser mais vantajoso e tirar maior utilidade do bem em causa.  2.Também o Governo depois de tomar posse, aceita-se, como natural, que faça transformações.3. Só que, aqui, o objecto ou fim que está no horizonte, não são bens móveis ou imóveis, mas sim pessoas que se movem na sociedade, que são de carne e osso, com emoções, desejos, ansiedades, sonhos…etc…,etc.
4. Ora o actual Governo, vai para um ano, parece não abrandar a onda de mudanças que vem fazendo, espadeirando para a esquerda ou para a direita, sempre na obsessão de atingir um determinado objectivo, que o País não sabe qual é. Sob a bandeira da austeridade, crise, inevitabilidade, défice… vai caminhando na arena de tal forma até um dia aperceber-se que não tem ninguém na bancada para lhe bater palmas. Estará só. 
5. Este comportamento, do qual vimos acompanhando, vem apresentando sinais duma forte personalidade e determinada virada para uma posição a favor sempre dos mais fortes e dos grandes grupos económicos com o lema “do vai ou racha” o mais rapidamente possível, antes que o País acorde.
6. Repare-se a maneira atabalhoada como falou no prolongamento do corte dos subsídios do 13º. e  14º. mês para 2014. De seguida, emendou a mão, que os mesmos subsídios só seriam devolvidos, se a economia o permitisse. Tanto ele como o seu grupo e dezenas de economistas, que correm as audiências dos nossos “medias”, nas opiniões que emitem, não só não acertam, como também chegam a contradizerem-se.
7. Acreditamos, claramente, que com esta governação nunca mais será feita a devolução dos subsídios antes referidos e quando se apresentar o ano de 2015, meses antes, de um lado ou outro, virão, numa operação de marketing político, e com desculpas esfarrapadas de que ainda não é possível pagar os subsídios ou então distribuirão uma côdea para que o povo não vá morrendo à fome e que possa ir sobrevivendo e vegetando.
8. No seguimento da mesma linha – veja-se o que se passou no Parlamento – o executivo recusou-se a tocar nos custos da gasolina e quanto à “regra de ouro” do “Tratado orçamental” exigiu do PS que o défice de 0,5 do PIB seja aprovado com uma maioria qualificada de 2/3. Inicialmente, aceitaria a adenda do PS, convergindo para “um texto comum” o que não se veio a verificar. Quanto às duas OPAS sobre a Cimpor e a Brisa remeteu a responsabilidade para CMVM.
9. Remetemo-nos também para a suspensão secreta das reformas antecipadas. Sob a capa da sustentabilidade da “segurança Social” e do rigor das prestações sociais, na prática, estão sacando (passe a expressão) aos pobres para dar aos mais pobres. Como, há pouco tempo, fazia eco, um representante da DECO: Alertava o País para “o poder imaginativo que este Governo tinha e tem para criar impostos”…
10. Aguardamos com curiosidade as reformas nas PPP, Fundações, EDP, negócios dos Hospitais, empresas municipais…etc...,etc.
11. Comparando a Governação de Sócrates com a actual o que se verifica: Que a quinta é a mesma, mas os donos são outros. A quem se pedirá um dia responsabilidades? Veja--se o espectáculo que as antigas Ministras da Educação, Maria Rodrigues e Isabel Alçada sobre o “Parque Escolar”: A primeira disse que era uma festa… a segunda que o números estavam manipulados… Uma coisa é certa: a derrapagem apresentada pelo Tribunal de Contas é verdadeira, é real. Pergunta-se, para onde foi o dinheiro?
12. Continuamos, como simples espectador, a olhar para este País, com tristeza e amargura: O País, a pouco e pouco, vai sendo armadilhado. O poder de alguns, “os tais eleitos” sem amor ao passado e sem brio, se vão submetendo às exigências do “Grande Capital”, sem queixume, sem um “ai”, “numa submissão total”hipotecando as futuras gerações. Pergunto: até quando?

António Augusto Ramos Calhau