1.Indica-nos a experiência de
que, quando compramos um bem móvel ou imóvel, há uma tendência natural para
fazermos alterações a nosso gosto para melhorar, aperfeiçoar ou até cortar que
julgamos ser mais vantajoso e tirar maior utilidade do bem em causa.
2.Também o Governo depois de
tomar posse, aceita-se, como natural, que faça transformações.3. Só que, aqui, o objecto ou fim
que está no horizonte, não são bens móveis ou imóveis, mas sim pessoas que se
movem na sociedade, que são de carne e osso, com emoções, desejos, ansiedades,
sonhos…etc…,etc.
4. Ora o actual Governo, vai para
um ano, parece não abrandar a onda de mudanças que vem fazendo, espadeirando para
a esquerda ou para a direita, sempre na obsessão de atingir um determinado
objectivo, que o País não sabe qual é. Sob a bandeira da austeridade, crise,
inevitabilidade, défice… vai caminhando na arena de tal forma até um dia
aperceber-se que não tem ninguém na bancada para lhe bater palmas. Estará só.
5. Este comportamento, do qual
vimos acompanhando, vem apresentando sinais duma forte personalidade e
determinada virada para uma posição a favor sempre dos mais fortes e dos
grandes grupos económicos com o lema “do vai ou racha” o mais rapidamente
possível, antes que o País acorde.
6. Repare-se a maneira
atabalhoada como falou no prolongamento do corte dos subsídios do 13º. e 14º. mês para 2014. De seguida, emendou a
mão, que os mesmos subsídios só seriam devolvidos, se a economia o permitisse.
Tanto ele como o seu grupo e dezenas de economistas, que correm as audiências
dos nossos “medias”, nas opiniões que emitem, não só não acertam, como também
chegam a contradizerem-se.
7. Acreditamos, claramente, que
com esta governação nunca mais será feita a devolução dos subsídios antes
referidos e quando se apresentar o ano de 2015, meses antes, de um lado ou
outro, virão, numa operação de marketing político, e com desculpas esfarrapadas
de que ainda não é possível pagar os subsídios ou então distribuirão uma côdea
para que o povo não vá morrendo à fome e que possa ir sobrevivendo e vegetando.
8. No seguimento da mesma linha –
veja-se o que se passou no Parlamento – o executivo recusou-se a tocar nos
custos da gasolina e quanto à “regra de ouro” do “Tratado orçamental” exigiu do
PS que o défice de 0,5 do PIB seja aprovado com uma maioria qualificada de 2/3.
Inicialmente, aceitaria a adenda do PS, convergindo para “um texto comum” o que
não se veio a verificar. Quanto às duas OPAS sobre a Cimpor e a Brisa remeteu a
responsabilidade para CMVM.
9. Remetemo-nos também para a
suspensão secreta das reformas antecipadas. Sob a capa da sustentabilidade da
“segurança Social” e do rigor das prestações sociais, na prática, estão sacando
(passe a expressão) aos pobres para dar aos mais pobres. Como, há pouco tempo,
fazia eco, um representante da DECO: Alertava o País para “o poder imaginativo
que este Governo tinha e tem para criar impostos”…
10. Aguardamos com curiosidade as
reformas nas PPP, Fundações, EDP, negócios dos Hospitais, empresas
municipais…etc...,etc.
11. Comparando a Governação de
Sócrates com a actual o que se verifica: Que a quinta é a mesma, mas os donos
são outros. A quem se pedirá um dia responsabilidades? Veja--se o espectáculo
que as antigas Ministras da Educação, Maria Rodrigues e Isabel Alçada sobre o
“Parque Escolar”: A primeira disse que era uma festa… a segunda que o números
estavam manipulados… Uma coisa é certa: a derrapagem apresentada pelo Tribunal
de Contas é verdadeira, é real. Pergunta-se, para onde foi o dinheiro?
12. Continuamos, como simples
espectador, a olhar para este País, com tristeza e amargura: O País, a pouco e
pouco, vai sendo armadilhado. O poder de alguns, “os tais eleitos” sem amor ao
passado e sem brio, se vão submetendo às exigências do “Grande Capital”, sem
queixume, sem um “ai”, “numa submissão total”hipotecando as futuras gerações.
Pergunto: até quando?
António Augusto Ramos Calhau