23/02/2012

O acordo grego

É incrível saber que os privados perdoaram 107 mil milhões da dívida grega. Tanta generosidade é de espantar. Não sei quem prometeu e o que prometeram a estes mecenas da banca, mas algo deve ter sido prometido e deve ter sido de vulto porque para a banca não ganhar é perder e aqui claramente há perda porque há perdão. Mesmo assim creio que estes credores devem estar muito aborrecidos com este acordo porque nas atuais circunstâncias as promessas não são de fiar.
Não percebo nada de finanças, mas provavelmente deveríamos ter sido menos expeditos na contenção do défice, porque a contração da nossa economia é enorme e para o ano não estou a ver mais nada para vender e para exportar a não ser a nós próprios.
Mesmo com o acordo ortográfico nem para os países da lusofonia com economias florescentes poderemos emigrar. Angola só dá vistos a quem mostrar ter rendimentos, não deixa os pobres trabalhadores, mesmo mestres e doutores, entrarem lá.
A redução das taxas de juro concedidas à Grécia não se aplica a Portugal e com tanto empréstimo à Grécia tornar-se-á difícil encontrarmos os mesmos filantropos e a mesma ordem de grandeza no perdão.
Embora tenhamos sido muito bem comportados, quando chegar a próxima grande crise, o único perdão que teremos será, porventura, o divino!


Manuela Vaz Velho

*escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico