22/02/2012

Artigo de opinião ( Público)

http://jornal.publico.pt/noticia/22-02-2012/desacordo-ortografico-24037333.htm

Debate Língua portuguesa e nova ortografia

(Des)acordo ortográfico

Eu não vou aderir nunca ao acordo ortográfico.Vou escrever sempre como aprendi e me ensinaram.Acho este acordo um embuste, feito de uma forma apressada e imposto, mas não
aceite. A diversidade numa língua é uma maisvalia cultural, todos os países lusófonos se entenderam na linguagem e escrita, as suas divergências sempre foram políticas ou de outra índole.
Este acordo é um erro, a língua portuguesa é um factor de identidade e de valor cultural inequívoco. A cultura não pode nem deve ser colonizada. A história ensinounos que o colonizador mais cedo ou mais tarde é expulso e rejeitado.A língua é algo inegociável e patriótico, nada se consegueà força . Eu vou continuar a escrever como antigamente. A diversidade de vocabulário escrito e falado no Brasil, Angola, Portugal , Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e noutros são uma riqueza cultural.Para muitos portugueses que vão iniciar a escola primária com 6 ou 7 anos poder-se-á ensinar e referir as novas prescrições e vocabulário, mas para quem tem 40 ou 50 anos é um insulto obrigar a escrever “espetáculos”, e não espectáculos , escrever “Egito” e não Egipto, etc., etc.
Não contem comigo. Quando escrevo um artigo de opinião para um jornal vinco no fi m do texto que escrevo ao abrigo do antigo acordo ortográfi co, aliás não sei escrever ao abrigo do novo acordo e nem me interessa saber nem perceber.
Cresce em várias frentes a recusa e contestação do novo OA (acordo ortográfi co). Não é só a decisão de Vasco Graça Moura de não aderir no CCB ao novo acordo, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa também não aderiu, há várias petições a correr, uma queixa na Provedoria de Justiça, uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos. Poderão não passar de protestos sem consequência, mas o que seria correcto, justo e perceptível era fazer-se um referendo.
Não se muda uma língua por decreto, contra a vontade de um povo e contra a maioria de pareceres técnico-científicos. O que é imposto dificilmente é aceite.