14/01/2012

Subversão de valores ou valores dos políticos?


Os políticos não são bem vistos pela sociedade, pese embora dela emanarem, porque muitos dos que mais responsabilidades têm no destino da nação dizem uma coisa e fazem o seu oposto. Isto tem sido repetido e imitado uns pelos outros.

Sócrates habituou-nos de tal modo que o que ele dizia, por maior que fosse a verdade, ninguém acreditava mais. PPC fartou-se de criticá-lo, indo ao ponto de dizer que não se reunia com ele a sós, porque ele era mentiroso.

Acontece que PPC entrou para o governo e fez muitas promessas de comportamento que seria diverso dos seus antecessores. Sabia da situação do país e dos acordos forjados com a troika e, ainda assim, prometeu o que todos sabemos.

Nomeou ministros novos e com bom curriculum (aparente) e espalhou esperança.

No entanto, o que se tem visto à exaustão, é um compadrio semelhante ao de Sócrates. Têm feito exatamente tudo ao contrário do que prometeu. Penso que o programa que está a cumprir é o negativo do que apresentou-se às eleições.
Não controla os ministros das pastas económicas, que não passam de contabilistas sem ideias ou ideias empasteladas.

Das duas, uma: conhecia os acordos com a troika e iria fazer à sua maneira a gestão desse acordo de modo a incorporar o que prometia aos portugueses, ou cumpria o acordo, que sabia, e enganava os portugueses com um discurso diferente.

Vende as jóias da coroa, as que são estratégicas e fazem sentido, ao desbarato a chineses. Aparece, por milagre, uma orquestra de titãs partidários contratados pelo acionista EDP (privado) dizendo que não interferiu em nada. Obviamente que ao vender negociou a colocação dos amigos, que tanto disse ser contra os seus princípios.

Nomeia para uma das mais importantes empresas estratégicas (águas) o Sr. Álvaro Castello -Branco, vice da Câmara do Porto com o argumento de que pertence às Águas do Porto. O Sr. Castello-Branco está na empresa de águas do Porto, como poderia estar o rato Mickey, que faria o mesmo. Se há alguém que percebe do assunto é o seu presidente, o Prof. Poças Martins que revolucionou a empresa municipal e nunca o vereador do CDS. A justificativa cai por terra e não passa de uma subversão.

O outro nomeado é o presidente da Câmara do Fundão, pasme-se, o argumento é que há dívidas das Câmaras à AdP de 400 milhões, incluindo a do Sr. Manuel Frexes, do Fundão, já em Tribunal, e seria bom ter autarcas na administração para resolver o assunto. É um claro sinal da maior subversão e abandalhamento de valores. Um prevaricador é contemplado com um chorudo salário no conselho de administração de uma empresa pública, quando deveria responder em tribunal porque não paga a dívida legítima a uma empresa pública. Com que moral ele lá está? Como pode resolver seja o que for? Vai dar o sinal que o melhor é não pagar, para ser contemplado.

Os sinais dados por este governo, são do pior que se poderia esperar. Deste modo, não há possibilidades do país sair do marasmo em que se encontra. Os portugueses estão no mato sem cachorro. Livramo-nos de Sócrates e cai-nos na rifa uma imitação, sempre pior que o original.

Mário Russo

*novo acordo ortográfico