04/01/2012

A Estação Agronómica fez 75 anos - 2



A sessão solene comemorativa dos 75 anos da Estação Agronómica referida no primeiro artigo deste título realizou-se no auditório maior da Estação, no edifício principal. Como se disse a abertura foi presidida pelo Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Eng.º Agrónomo Daniel Campelo. No seu discurso frisou a grande importância da investigação agronómica para o desenvolvimento da agricultura, uma atitude bem diferente da dos governos anteriores que, além das destruições efectuadas, ignoraram deliberadamente a EAN, pela qual e pelo seu trabalho eram responsáveis perante o país. Que diferença de atitude entre a equipa deste governo em relação à dos anteriores governos no que respeita à agricultura e, portanto, em relação à economia! Faço votos para que essa mudança se traduza em actos e que o governo queira levar a cabo o Plano Intensivo de Investigação Agronómica e de Extensão Rural que referi no artigo "A nova equipa na Agricultura - 11 (Conclusão)" (LE de15-9-2011). Sem um tal Plano a funcionar, com a intensidade possível, duvido que, por muitas reestruturações que se façam, seja possível mudar significativamente o panorama da nossa agricultura onde, com infelizmente raras excepções, há uma enorme carência de inovação.
Se uma boa estrutura é importante - e o que o ministério tem e tem tido difere do que considero melhor, como há muito tenho defendido - sem bom funcionamento dos serviços nada se consegue. Em muitos casos, como já mostrei, os problema de baixa produtividade são mais de funcionamento do que de estrutura. Creio que o Plano que propus já devia ter começado o seu funcionamento, pois ele é viável mesmo com a estrutura actual e não há dificuldade em continuar com a nova estrutura, que me informam estar adiantada, não sei se incluindo o que sugeri na série de artigos atrás citada. Já lá vão uns seis meses e é importante para o governo chegar ao fim da legislatura com resultados sensíveis e não apenas no fim do começo duma tarefa. Como muitos dos produtos que importamos são de culturas anuais, esses resultados podem começar a ser obtidos se não se perder tempo, antes da legislatura terminar.
O auditório cheio - são mais de 300 lugares - durante a sessão, deu bem a ideia de que há ainda um certo potencial de know how - embora muito inferior ao que havia há 30 anos - desejoso de poder trabalhar e de recuperar a actividade que tem vindo a ser destruída.
Na grande sala de reuniões, junto ao auditório, esteve em exposição uma pequena amostra - muito pequena, aliás - dos instrumentos e de alguns resultados do trabalho realizado. Tenho pena que não esteja em exposição, eventualmente nessa mesma sala, o primeiro microscópio electrónico que a Estação adquiriu, um Philips 300 - o 8º que veio para Portugal - à semelhança do que está em exposição no Instituto de Biologia Molecular e Celular, no Porto, e que eu pude utilizar durante três anos, antes da aquisição do nosso.
A sessão terminou com um Carcavelos de Honra, produto da Estação Agronómica, e um grande bolo de aniversário.

Miguel Mota