Se Portugal sempre foi deficiente em produtos agrícolas, as destruições que os governos dos últimos anos causaram na nossa agricultura agravaram enormemente o problema, algo patente em qualquer supermercado, perante a quantidade de produtos importados,
que aqui devíamos produzir e até exportar.
Graças a alguns agricultores que, remando contra a maré governamental, conseguiram resistir à destruição e até ter algum êxito, creio não errar se disser que, globalmente, a agricultura exporta cerca de 3 mil milhões de euros por ano. Mas como, nesse período, importamos cerca de 6 mil milhões de euros de produtos agrícolas, isso causa à nossa economia um défice de 3 mil milhões de euros.
Nem tudo são facilidades na agricultura portuguesa, antes pelo contrário. A escassez de bons solos e a irregularidade do clima podem considerar-se limitações importantes. Mas há factores favoráveis, entre os quais avulta a amenidade do clima, que nos permite, para alguns produtos, um elevado nível de qualidade que outros não conseguem.
Ao longo de décadas, tanto em escritos para agricultores como para o grande público, tenho denunciado erros e destruições, além de indicar o que considero necessário fazer para mudar este panorama triste. Em tempos recentes e particularmente com o que o novo governo mostrou ser uma viragem de 180º ao que vinha sendo feito pelos governos anteriores (com uma criminosa destruição da agricultura, quase fazendo desaparecer as principais bases do deu progresso), mostrei o que, na minha opinião, se pode e deve fazer para mudar uma tal situação, a bem da economia e das finanças de Portugal e do bem estar dos portugueses. Os exemplos que apresentei, especialmente na série de onze artigos sobre "A nova equipa na Agricultura" e alguns casos recentes de sucesso (além do dos vinhos, a uva de mesa e o azeite são bons exemplos,
generalizáveis) levam-me a acreditar na possibilidade de, em relativamente curto prazo, anular aquele enorme défice de 3 mil milhões de euros. Simplesmente, a solução não cai do céu e tem de ser o Ministério da Agricultura a criá-la. Até porque a maioria dos agricultores - não são numerosas as muito honrosas excepções de bom êxito - deixou-se abater pelo desânimo e apenas se queixava quando lhes tocavam nos subsídios. Tomar iniciativas e ter êxito foi caso de bastante poucos.
Mas são esses mesmos casos que me dizem que tais êxitos podem ser generalizados e há anos que insisto - até à data sem êxito - para que o Ministério da Agricultura inicie um "Plano Intensivo de Investigação Agronómica e de Extensão Rural", as únicas alavanca que conheço capazes de operar a necessária mudança. Dispõe hoje o Ministério da Agricultura de menos know how do que há duas ou três décadas, mas ainda tem técnicos competentes para arrancar com esse Plano Intensivo. Tenho pena que o Ministério não o tenha já iniciado (tanto quanto sei) - e já lá vão seis messes... - pois pode iniciar-se sem esperar pelas reformas em marcha.
O facto de grande parte dos produtos agrícolas que importamos serem de culturas anuais permitirá obter resultados significativos a curto prazo, mesmo antes do fim da legislatura. Creio que, por esse facto, o Plano Intensivo poderá iniciar o seu trabalho incidindo especialmente em forragens e culturas hortícolas. O caso está nas mãos da equipa governamental e dos agricultores, pois é de esperar que estes não deixarão de colaborar intensamente.
Do que conheço das potencialidades da agricultura portuguesa e dos casos pontuais de bom êxito, atrevo-me a considerar que essa acção intensiva poderá, não só anular o défice actual da balança, mas até vir a transformá-lo num superavit de 3 mil milhões de euros. Consideraria esse valor a meta a atingir com o "Plano Intensivo de Investigação Agronómica e de Extensão Rural".
Miguel Mota
que aqui devíamos produzir e até exportar.
Graças a alguns agricultores que, remando contra a maré governamental, conseguiram resistir à destruição e até ter algum êxito, creio não errar se disser que, globalmente, a agricultura exporta cerca de 3 mil milhões de euros por ano. Mas como, nesse período, importamos cerca de 6 mil milhões de euros de produtos agrícolas, isso causa à nossa economia um défice de 3 mil milhões de euros.
Nem tudo são facilidades na agricultura portuguesa, antes pelo contrário. A escassez de bons solos e a irregularidade do clima podem considerar-se limitações importantes. Mas há factores favoráveis, entre os quais avulta a amenidade do clima, que nos permite, para alguns produtos, um elevado nível de qualidade que outros não conseguem.
Ao longo de décadas, tanto em escritos para agricultores como para o grande público, tenho denunciado erros e destruições, além de indicar o que considero necessário fazer para mudar este panorama triste. Em tempos recentes e particularmente com o que o novo governo mostrou ser uma viragem de 180º ao que vinha sendo feito pelos governos anteriores (com uma criminosa destruição da agricultura, quase fazendo desaparecer as principais bases do deu progresso), mostrei o que, na minha opinião, se pode e deve fazer para mudar uma tal situação, a bem da economia e das finanças de Portugal e do bem estar dos portugueses. Os exemplos que apresentei, especialmente na série de onze artigos sobre "A nova equipa na Agricultura" e alguns casos recentes de sucesso (além do dos vinhos, a uva de mesa e o azeite são bons exemplos,
generalizáveis) levam-me a acreditar na possibilidade de, em relativamente curto prazo, anular aquele enorme défice de 3 mil milhões de euros. Simplesmente, a solução não cai do céu e tem de ser o Ministério da Agricultura a criá-la. Até porque a maioria dos agricultores - não são numerosas as muito honrosas excepções de bom êxito - deixou-se abater pelo desânimo e apenas se queixava quando lhes tocavam nos subsídios. Tomar iniciativas e ter êxito foi caso de bastante poucos.
Mas são esses mesmos casos que me dizem que tais êxitos podem ser generalizados e há anos que insisto - até à data sem êxito - para que o Ministério da Agricultura inicie um "Plano Intensivo de Investigação Agronómica e de Extensão Rural", as únicas alavanca que conheço capazes de operar a necessária mudança. Dispõe hoje o Ministério da Agricultura de menos know how do que há duas ou três décadas, mas ainda tem técnicos competentes para arrancar com esse Plano Intensivo. Tenho pena que o Ministério não o tenha já iniciado (tanto quanto sei) - e já lá vão seis messes... - pois pode iniciar-se sem esperar pelas reformas em marcha.
O facto de grande parte dos produtos agrícolas que importamos serem de culturas anuais permitirá obter resultados significativos a curto prazo, mesmo antes do fim da legislatura. Creio que, por esse facto, o Plano Intensivo poderá iniciar o seu trabalho incidindo especialmente em forragens e culturas hortícolas. O caso está nas mãos da equipa governamental e dos agricultores, pois é de esperar que estes não deixarão de colaborar intensamente.
Do que conheço das potencialidades da agricultura portuguesa e dos casos pontuais de bom êxito, atrevo-me a considerar que essa acção intensiva poderá, não só anular o défice actual da balança, mas até vir a transformá-lo num superavit de 3 mil milhões de euros. Consideraria esse valor a meta a atingir com o "Plano Intensivo de Investigação Agronómica e de Extensão Rural".
Miguel Mota