Anda por aí um gráfico com elementos estatísticos que, não estando errado,se não for considerado um outro conjunto de circunstâncias, pode seraltamente enganador e levar a conclusões erradas. Descreve a percentagemde impostos que, em média, os cidadãos pagam em diferentes países, aquiloa que se chama "carga fiscal".
O valor mais alto é o da Dinamarca, seguido de perto pelo da Suécia. Portugal encontra-se algo abaixo do meio da tabela e os Estados Unidos ainda mais abaixo.
Isto é o que o cidadão paga ao estado. Mas nos Estados Unidos a educação superior é muito cara. Na Dinamarca e na Suécia é gratuita. (Lembro que em Portugal, contra o que determina a Constituição, os estudos superiores e particularmente os mestrados e os doutoramentos, são muito caros). NosEstados Unidos, a saúde é caríssima. Na Dinamarca e na Suécia há apenas taxasmoderadoras, realmente uma pequena quantia, simbólica, cujo objectivo, como o nome indica, é evitar que recorram aos serviços de saúde quem deles não necessita e não obter receita para pagar os serviços.Assim, se juntarmos aos impostos todas as despesas que não há que pagar noutros países, as posições no gráfico serão muito diferentes.
Acresce ainda que a distribuição dos pagamentos ao fisco, segundo é conhecido e até já foi divulgado em tempos, mesmo que tenha sido algo atenuada, continua a ser muito desequilibrada, havendo em Portugal muita gente que leva para casa,todos os meses, em dinheiro e em género, quantitativos elevados e paga menos do que a maioria, especialmente dos trabalhadores por conta de outrem.
Também há a considerar o nível dos ordenados e o que fica depois de tirados os impostos e as despesas que noutros países não é preciso pagar. Tirar 10% a quem tem 1.000, deixa 900; tirar 20% a quem tem 5.000, deixa 4.000; e tirar 30% a quem tem 10.000, deixa 7.000.
Miguel Mota